PERGUNTA A ...
 
 
 
     
Durão Barroso
   
Isidoro Gomes
Sou europeísta convicto! Quando vejo os euro-cépticos a aumentarem o seu radicalismo perante o projecto europeu e a extrema direita a alastrar-se por toda a Europa (predominância nos Estados mais ricos), que mensagem de esperança nos transmitiria de modo a continuarmos a batalhar pelos novos ideias da União?
Eu também me preocupo bastante com o aumento do euro-cepticismo. Mais uma vez, a batalha da informação é decisiva. A crise constitui um terreno fértil para os argumentos populistas que exploram os receios e as inseguranças dos cidadãos europeus. É necessário, em primeiro lugar, desmascarar os argumentos demagógicos e, na maioria dos casos, falsos das forças anti-europeias.
Em segundo lugar, é igualmente importante referir os amplos benefícios que a construção europeia trouxe a todos os países europeus e aos seus cidadãos. Nunca na história europeia, a Europa viveu tantas décadas seguidas sem guerras. Bem sei que muitos afirmam que o argumento da paz diz pouco às novas gerações. Talvez seja verdade mas de qualquer modo há um facto que gostaria de sublinhar. E não é necessário recuar muito na história, basta observar os últimos vinte anos. Em quase todas as regiões, da América do Sul à Ásia, passando por África e pelo Médio Oriente, verificaram-se guerras ou conflitos fronteiriços entre vizinhos. Mesmo na Europa ocorreram conflitos armados, como nos Balcãs. A União Europeia é a excepção. Constitui uma ilha de paz num mundo onde as guerras continuam a matar milhões de pessoas. E é a construção europeia que explica esta excepção extraordinária. Se dissermos aos jovens croatas que a "Europa" é um projecto de paz, eles compreendem perfeitamente.
Mas, além da paz, a construção europeia foi decisiva, durante as últimas décadas, para a promoção da democracia, para a prosperidade económica e a justiça social na Europa, para um continente sem fronteiras onde se viaja livremente e onde os jovens gozam de maiores possibilidades de estudo e de trabalho noutros países. Todas estas conquistas seriam postas em causa sem uma União Europeia forte.
Por fim, é fundamental explicar a importância da União Europeia para o futuro dos europeus. Compreendo que a crise afecte a imagem da União Europeia junto de muitos cidadãos europeus. Mas imaginem o que seria lidar com esta crise sem a União Europeia. Sem a coordenação entre os vários governos e sem o apoio das instituições europeias. Com os países sozinhos perante ameaças externas e especulações financeiras de todo o tipo. Os tempos são difíceis, sem dúvida alguma. Mas a diferença será entre enfrentar dificuldades juntos ou separados. Se continuarmos unidos, estou confiante que conseguiremos ultrapassar as actuais dificuldades. Se nos separássemos, o desfecho seria trágico para a Europa.
Os europeus necessitam também de uma União forte para triunfarem num mundo muito mais competitivo e difícil. Não haja dúvidas. O velho mundo, dominado pela Europa e pelo Ocidente, acabou. O mundo do século XXI é mais igual, mais exigente e mais duro. Só uma União forte permitirá que a Europa esteja em igualdade perante as potências mundiais, todas elas com dimensões continentais em termos territoriais e demográficos. Isoladamente, mesmo os maiores países europeus não passam de potências médias em termos globais.
Bruno Ricardo Mendes
A participação em eleições europeias em 20 anos decresceu 15,3%. Considera tratar-se de uma questão de distanciamento, falta de literacia ou descrédito na liderança política dos países nas estruturas da UE?
A diminuição da participação dos eleitores nas eleições europeias constitui um problema que devemos enfrentar. Antes de mais, julgo que não será um problema exclusivamente ligado às instituições europeias. Reflecte uma crise mais geral dos regimes democráticos, e da representação das forças políticas. No caso específico das eleições europeias, terá que haver um esforço de informação sobre as competências do Parlamento Europeu, amplamente reforçadas com o Tratado de Lisboa. Os eleitores necessitam de entender que as votações e as decisões do Parlamento Europeu afectam directamente as suas vidas. Frequentemente, muitos sectores das sociedades europeias lamentam-se sobre um certo défice democrático da União. Ora, a participação nas eleições europeias constitui uma boa maneira de começar a combater esse défice. Com o aumento do interesse pela política europeia, em grande medida como resultado da crise, não ficaria surpreendido se nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, em 2014, a participação dos cidadãos aumentasse.
Alexandre Abrantes
Exmo. Sr. Dr. Durão Barroso,



Existe, em sua opinião, uma hipótese real de se aprofundar a integração política europeia com recurso ao federalismo, sabendo-se que, para além de constituir uma delegação progressiva de soberania dos Estados da UE, constituí uma opção mais favorável a países deficitários do que a países excedentários (Alemanha).
André Cavadinha
Acredita num modelo federalista Europeu? Que argumentos que justificam essa visão?
André Filipe Morais
Exmo. Sr. Dr. Durão Barroso,



Sabemos que a alternativa a uma minorização do Direito da União Europeia é a "lei do [Estado-membro] mais forte", contudo e apesar disto, até quando continuaremos a "tremer" perante cada tomada de posição do (todo-poderoso) Tribunal Constitucional Alemão?
Ângelo Santos
Exmo Sr Dr. Durão Barroso



A possível saída da Grécia da Zona Euro, tem sido um tema muito badalado pela comunicação social e pelos actores políticos em geral, no entanto, ainda ninguém foi capaz de explicar quais as verdadeiras repercussões, e o seu impacto na coesão europeia . Assim sendo, pergunto-lhe até que ponto e quais as consequências que Portugal poderá sofrer com uma possível saída da Grécia do Euro ?



Obrigada pela atenção,

Ângelo Santos
Bruno Reynaud de Sousa
Em que medida é que o diálogo político em curso na UE no sector financeiro podem constituir uma oportunidade para uma aproximação nas relações transatlânticas – nomeadamente com os EUA – em matéria de regulamentação/regulação dos mercados, tanto mais que há bons exemplos como o Dodd-Frank Act (EUA)?
Diogo Braz
Em termos objectivos, qual é a urgência de uma Europa Federal? Que estratégias possiveis (pensadas) se falam mais para a recuperação de uma Europa envelhecida? Qual o caminho e ideologia que os jovens devem seguir e reflectir para serem bem sucedidos numa política global? ;)
Diogo Paulino
Quais poderão ser as repercussões de uma eventual saída da Grécia do euro e de um pedido de resgate financeiro por parte da Espanha , sobre a Europa?
Eduardo de Bragança
Acredita que o pacto orçamental e o mecanismo europeu de estabilidade vão estar ambos em vigor no 1º dia do próximo ano?
Francisco Sousa Vieira
Sabendo que antes de ser presidente da Comissão Europeia é português, gostaria de lhe perguntar até que ponto esta nacionalidade influencia os seus trabalhos, sendo Portugal um dos países alvo de maior expectativa no que diz respeito à superação desta crise multi-facetada. 
Inês Madeira Santos
Como presidente da Comissão Europeia e alguém que lida diariamente com questões internacionais, acha que faz sentido ainda existir o Direito de Veto dentro do Conselho de Segurança da ONU? Será que esse Direito não acaba por agravar, muitas vezes, as condições de países mais desprotegidos?
João Alcobia
Ex. Sr.Dr Durão Barroso, a Europa em que hoje vivemos é na minha opinião resultado das decisões do chanceler alemão Kohl e do presidente Frances Mitterrand. Não considera que tendo em conta o cenário da UE actualmente, as decisões deveriam ser tratadas mais por técnicos do que políticos? Para além disso, como podem ser os politicos actuais ser considerados fracos, se as estruturas de decisão foram criadas pelos "supostos" bons políticos?
João Diogo Ferreira
Quando é que acha que teremos uma Europa a responder a uma só voz a tempo de mediar e solucionar os problemas sem avançarmos para uma Europa mais federal, isto é, com uma possível união supranacional?
João Estrela
A minha pergunta é muito simples: tendo em conta os "recentes" acontecimentos que se têm vindo a verificar na Síria, e apesar de não ser um país com ligações muito estreitas com a União Europeia, não existe nada que a Comissão Europeia consiga fazer para ajudar a que se encontre uma solução pacífica capaz de auxiliar na busca de uma verdadeira liberdade democrática?
João Gabriel Martins
Após a experiência política profissional no estrangeirada de que forma pensa que pode contribuir para uma política nacional a quando o seu regresso? Que conselhos daria a este Governo de coligação PSD / CDS-PP?
João Lourenço


É com preocupação que diariamente a Europa e em particular Portugal assiste a uma subida generalizada do preço dos recursos energéticos, nomeadamente dos derivados do petróleo. Algumas políticas têm sido seguidas quer a nível nacional quer a nível Europeu na tentativa de minimizar esta situação, no entanto a sua eficácia afasta-se muitas vezes das metas que são traçadas. Sendo esta matéria uma matéria fulcral para o sucesso da economia europeia, e por conseguinte para a economia portuguesa, o que é que ainda pode ser feito nesse sentido?
João Sousa
O que pensa de um eventual regresso à vida activa política nacional depois da sua odisseia europeia?
José Miguel Simões
Estando como Presidente da Comissão Europeia e participando frequentemente nas discussões do Parlamento Europeu, como aprecia a qualidade dos eurodeputados portugueses aos quais lhes é conferida uma maior credibilidade e respeitabilidade (até no próprio PE) se comparados com os que estão na Assembleia da República? Existe verdadeiramente esta diferença ou é uma percepção disforme da realidade?
Marco Barbosa
Qual é a principal função/papel do Presidente da Comissão Europeia face à crise que a União Europeia atravessa?
Marco Ribeiro Narciso
Até recentemente, era patente a hegemonia mundial por parte das potências vencedoras da Segunda Guerra. Hegemonia essa agora repartida pelos chamados países emergentes (BRICs).

Tratava-se de uma hegemonia assente em supremacia económica, com tradução ainda social e política.

 

- Como preconiza a estrutura europeia para fazer face aos desafios destes países emergentes, e poderá esta manter uma hegemonia sócio-política neste contexto?

- Que possíveis consequências teria uma implosão da zona euro para o mundo?

                              - e no projecto de integração europeia?



Poderá ainda a UE, independente do formato interno assumido, manter o papel de "mediador" internacional, nomeadamente em casos de violação dos direitos humanos, numa fase em que a possibilidade da imposição sansões económicas não é já viável?
Mariana Falcão
O que pensa da crise economica europeia e mundial e quais as saidas para os jovens?
Miguel Cruz Bugalho
Carissimo Dr. Durão Barroso,



Antes de mais tenho muito gosto por poder estar nesta plataforma para lhe colocar uma questão.

Muitos são os comentadores que falam sobre a situação difícil que a Grécia esta a passar.Não nos podemos esquecer que Portugal também está num processo difícil mas com mais perspeciva para o futuro. Será que estas nossas perspectivas podem desaparecer com uma eventual saída da Grécia na zona Euro?
Miguel Santos Pereira
Como vê a actuação do nosso Presidente da República, face às medidas que têm sido implementadas no nosso país, no sentido de honrar os nossos compromissos com a Europa e como deves este agente político actuar caso haja um acentuamento das medidas de austeridade?
Pedro Miguel Carvalho
Exmo. Sr. Dr. Durão Barroso,



Qual a necessidade de uma Europa Federal num futuro próximo?
Rafael Dias Almeida
Em 2002 o país "estava de tanga". 10 anos depois...?
Rebeca Peres Lopes
Até que ponto, esta “desunião” Europeia, esta zanga de família, quase dividida em duas ‘Europas’ (a Europa do Norte – Finlândia, Alemanha, Áustria…; e a Europa do Sul – Portugal, Espanha, Itália…) aumenta a dificuldade de combate à crise?!
Ricardo Bessa Marques
Vivemos uma crise declaradamente mundial, todos os dias as pessoas se deparam com novas e mais noticias que levam a que elas comecem a desconfiar dos sacrifícios que lhes são pedidos, se realmente trará frutos. Qual é a sua sincera opinião sobre a realidade portuguesa?
Sílvia Santos
Em 2002, era o Dr. Durão Barroso o 1º Ministro de Portugal, quando entrou a moeda única em circulação. Hoje, mais distante da vida política nacional e como Presidente da Comissão Europeia, como observa o panorama Europeu e Português, em que apenas 10 anos depois, "o euro está em crise" e não se vislumbra uma saída que agrade a todos. Será que o euro é mais o inicio da crise ou o caminho para a sua saída ?
Vasco Teles Touguinha
Caríssimo Dr. Durão Barroso,



Gostaria de saber se concorda com a sustentabilidade e se acredita numa “Europa Federal”?

Isto porque, contemporaneamente no nosso Continente ainda não se verifica um Bloco regional único nem tão pouco unido, tendo como grandes problemas o facto de:

1- A União Europeia, não abranger todos os países do Continente Europeu, como o caso da Islândia, Confederação Suíça, Principado do Liechtenstein Reino da Noruega (meter as que faltam e) que criaram a EFTA por não lhes interessar fazer parte da União Europeia.

2- No Continente Europeu temos países interessados a entrar na U.E, mas que vêm a entrada barrada.

3- Outro problema é o da questão dos conflitos internos da U.E, exemplo claro é a rejeição do EURO por parte do Reino Unido.

Sempre tivemos uma Europa com várias dissemelhanças entre os seus Estados, e inclusivamente assimetrias dentro dos próprios Estados, pois a Europa não é a União Europeia, mas sim um Continente que vai da Rússia a Portugal!

Vitor Manuel Fonseca
Como analisa os resultados obtidos recentemente por partidos da extrema-esquerda e extrema-direita, em alguns países europeus? Estará a Europa a regressar a antigos regimes?