ACTAS  
 
8/27/2012
Sessão formal de Abertura
 
Joaquim Freitas

Magnífico reitor desta universidade, caras alunas, caros alunos, sejam bem-vindos à décima edição da Universidade de Verão da JSD.

Há um ano atrás, eu, a Vera Artilheiro e a Isa Monteiro estávamos sentados algures nessas cadeiras. Cheguei inquieto, curioso, sem saber muito bem o que se ia passar. Sentado desse lado tinha muito mais dúvidas do que certezas, tudo era novo, completamente diferente, vivia-se uma magia inexplicável no ar.

Eu tinha sido um dos cem escolhidos para participar na nona edição da Universidade de Verão da JSD. Entrei, vivi uma das semanas mais intensas da minha vida e no domingo, quando me despedi, despedi-me já com muitas saudades. A UV marcou indelevelmente a minha vida pessoal, social, associativa e política também.

Um ano depois, caros cem novos alunos da décima edição desta universidade, deixo-vos, em jeito de pedido, três conselhos: divirtam-se e sejam felizes; aprendam e ensinem o mais que puderem; e façam desta universidade um ponto de partida e não um objectivo já atingido. Disfrutem de todas as oportunidades que conseguirem, sejam cooperativos e façam depender da vossa felicidade a felicidade do vosso companheiro do lado, tirem todas as dúvidas, façam todas as perguntas.

É na medida de partilhar aquilo que cada um de nós é, que o conjunto garante os seus sucessos. Depois desta semana estarão mais capacitados e mais bem preparados para fazer a diferença.

Aqui nós vamos aprender a ser elementos construtivos de uma nova democracia; a fazer intervenção informada, coerente e com valores, a melhorar o presente numa visão de futuro sustentável. Poderemos, juntos, fazer a diferença que sonhamos para o mundo. É este o verdadeiro espírito da Universidade de Verão, mas mais do que palavras falam as imagens e, por isso, apresento-vos um pequeno vídeo que vos fará o resumo daquilo que é, do que foi e esperamos que seja o espírito da Universidade de Verão.

Muito obrigado.

[APLAUSOS]

[VISIONAMENTO DE VÍDEO]

 
Dep.Carlos Coelho

Sejam todos bem-vindos à décima edição da Universidade de Verão.

Deixem-me fazer umas referências especiais para agradecer a presença do primeiro vice-presidente do Partido Social Democrata, que é um amigo da Universidade de Verão, foi formador durante vários anos e é um ex-presidente da JSD, o Eng.º Jorge Moreira da Silva que é a primeira vez que nos dá a honra de abrir os trabalhos; saudar a Dr.ª Berta Cabral – que irei saudar de forma especial no jantar formal de abertura –, que é a Presidente do PSD Açores e que espero venha a ser a futura Presidente do Governo Regional dos Açores.

[APLAUSOS]

Saudar também o secretário-geral, José Matos Rosa, responsável por localizar a Universidade de Verão aqui em Castelo de Vide; o Dr. Carlos Carreiras, grande amigo, presidente do Instituto Sá Carneiro, a quem agradecemos o patrocínio, o apoio, a ajuda e o incentivo; os deputados Nuno Matias, Duarte Marques, Cristóvão Crespo, presidente da distrital do PSD de Portalegre, o senhor deputado Duarte Freitas, líder do PSD na assembleia legislativa regional dos Açores; os autarcas presentes, com particular destaque para o presidente da câmara de Castelo de Vide, que será saudado também de forma especial no jantar formal de abertura; o Joaquim Freitas que abriu esta sessão e todas as pessoas envolvidas na organização, sejam todos bem-vindos à nossa universidade.

Estão aqui pessoas muito diferentes, com e sem experiência política: nessas cadeiras estão pessoas hoje a assumir responsabilidades importantes da vida política portuguesa, pessoas que sonham, pessoas que não têm nenhuma motivação para exercer uma actividade política, mas que estão despertas para fazer intervenção cívica e responsável. Estão aqui militantes, estão aqui independentes e até pessoas que não são de Portugal, são amigos de Cabo Verde.

Nós não nos conhecemos mas podemos conhecer um bocadinho através do "Quem é Quem?”. Nas vossas pastas de documentação têm o retrato-falado de toda a família da UV2012, que é um exercício que pedimos a todos vós, ainda na qualidade de candidatos, mas que preenchemos nós na organização e também os nossos convidados.

De certa forma é um exercício para nos revelarmos um pouco: dizermos todos o que somos, o que desejamos, o que sonhamos, o que mais apreciamos. Estou certo que no final da semana nos iremos conhecer melhor, mas podemos já conhecer um bocadinho através do "Quem é Quem?”.

Vocês passaram numa selecção entre quase três centenas de candidatos. Eu já revelei publicamente que aquilo que mais detesto fazer é a selecção dos participantes da Universidade de Verão, fico sempre com a sensação angustiante de que deixámos alguém que era muito bom de fora, porque só podem entrar cem. Mas nunca fiquei com a sensação de que nos tínhamos enganado naqueles que escolhemos. É verdade que não é uma responsabilidade individual, é um júri colectivo de sete a nove pessoas que eu tenho o privilégio de encabeçar, mas as decisões são tomadas por todos, assumindo eu a responsabilidade perante a direcção do partido e da direcção do Instituto Sá Carneiro relativamente às escolhas que fizemos.

Estamos convencidos que acertámos, mas cabe a vocês ajudarem ao longo desta semana a provar que nós tínhamos razão e que vocês são mesmo os melhores e aqueles que tinham direito a estar aqui durante a Universidade de Verão de 2012.

Vão poder verificar que vocês, para nós, são uma selecção nacional e vamos tratá-los como uma verdadeira selecção nacional nos detalhes da organização, no rigor e na qualidade do programa e dos oradores e de tudo aquilo que rodeia esta máquina da Universidade de Verão.

O que nós queremos mesmo é que, para lá de tudo o que possam aprender, com os bons oradores que escolhemos para vocês, saiam daqui mais atentos ao mundo, com mais vontade de fazer intervenção cívica qualificada e responsável.

Gosto muito de citar Fernando Savater, um homem basco que eu tive o privilégio de conhecer em Estrasburgo, sociólogo, filósofo, dirigente do movimento "Basta Já” contra o terrorismo basco, que foi galardoado com um prémio no Parlamento Europeu, o prémio Sakharov. Ele escreveu uma vez: «se o que nos ofende, ou preocupa, é remediável, devemos pôr mão à obra. Se o não é torna-se ocioso deplorar porque este mundo não tem livro de reclamações».

Meus caros amigos, este mundo não tem livro de reclamações! Se queremos fazer alguma coisa, reagir contra alguma coisa que nos ofende, preocupa, escandaliza e que sabemos que é remediável devemos pôr mãos à obra. Mas nunca esquecendo aquilo que Francisco Sá Carneiro nos ensinou um dia, é que «se é verdade que a política sem risco é uma chatice, não é menos verdade que a política sem ética é uma vergonha».

Portanto, gostaríamos que saíssem desta Universidade de Verão com este sublinhado: que a intervenção cívica deve ser feita com um reforçado esforço e preocupação ética.

Vocês receberam na vossa pasta umdossierem que têm já parte do material essencial da Universidade de Verão. Vão receber mais ao longo da semana, já têm aí o "Quem é Quem?”, a que já fiz referência, o programa e vão poder coleccionar devidamente todos os currículos de todos os convidados que vão passar por esta sala ao longo da semana. Têm no final dodossierumas páginas em branco para tomarem notas, mas também têm uma coisa a que damos muita importância, que são as regras.

Vocês vão ver, se calhar não com muito agrado, que há regras para tudo na Universidade de Verão: regras para o jantar, para os trabalhos de grupo, para as assembleias, para as aulas, para tudo. São regras simples, não são complicadas, mas há regras para tudo.

No entanto, há cinco regras mais importantes, são as cinco regras capitais.

A primeira é ter vontade, ninguém está aqui obrigado, está aqui quem quer estar, vocês candidataram-se, esforçaram-se por provar que são os melhores, passaram na selecção, pagaram a vossa taxa de inscrição;

A segunda é querer saber mais. Diz-se que a curiosidade é sinal de inteligência, se assim é e se não errámos na escolha, estou certo de que vocês todos vão dar provas de que querem saber mais;

A terceira é ser pontual: num país em que há um problema de falta de competitividade a minha convicção forte é de que parte dessa falta tem a ver com o não-cumprimento dos horários. Na Universidade de Verão, vamos começar e acabar tudo a horas, não há derrapagens. Faço-vos o mesmo apelo que fiz com sucesso a todos os alunos da Universidade de Verão desde 2003. O país que assistia aos nossos trabalhos através da Comunicação Social nunca percebeu como é que os jovens social-democratas conseguiam fazer a diferença. Para nós, uma iniciativa que começa às dez, começa às dez pontualmente, não às dez e vinte, ou dez e um quarto, ou sequer às dez e cinco. Tudo começa e acaba a horas, não há derrapagens aqui, peço-vos a vocês que façam o mesmo que com sucesso os vossos colegas fizeram nas nove edições anteriores.

A quarta regra é ser solidário. Sejam solidários com a vossa família mais próxima que é o vosso grupo, mas também com todos os colegas a viverem esta Universidade de Verão.

Finalmente, a última regra é serem construtivos. Podem sê-lo de várias formas, mas sobretudo a darem sugestões: não se acanhem, se acham que há algo que está mal, ou pode ser corrigido, ou apenas melhorado, façam-no saber. Têm a possibilidade de me dirigir sugestões como mais tarde farei saber e eu prometo responder a todas.

Ajudem a melhorar a Universidade de Verão de 2012.

Como é que vão ser os nossos dias? Um dia típico tem duas aulas em que há trabalhos de grupo e um jantar-conferência. Vão ver pelo vosso programa que há dias que não são típicos, mas o dia típico é este.

Vejamos o primeiro: começa às dez em ponto a aula de Relações Internacionais com o professor Adriano Moreira e vai até ao meio-dia, se houver muitas perguntas podemos ir até ao meio-dia e meio, sendo que a essa hora, aconteça o que acontecer, acaba a aula.

O almoço é umbuffetservido no primeiro andar, excepto amanhã que não será um almoço livre, pois temos umbriefingde informação no final desse almoço. Mas fora a excepção de amanhã, todos os almoços são de confraternização sem trabalho especial que lhes esteja atribuído.

Às 14h30 rigorosos, temos a aula de Ciência Política com o Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, termina às 16h30, se houver muitas perguntas pode terminar às 17h, mas aí termina mesmo e vamos lá para cima, primeiro andar, para um lanche que ocorre entre as 17 e as 17h30.

Às 17h30 começam os trabalhos de grupo. Nós pensámo-los para que pudessem ser concretizados numa hora, entre as 17h30 e as 18h30, mas diz-nos a experiência que vocês acabam por ganhar pedalada própria, entusiasmam-se e prolongam a duração dos trabalhos de grupo. O que eu vos peço é que não ultrapassem as 19h30, para terem um espaço de intervalo entre as 19h30 e as 20h que é a hora de início do nosso jantar.

O jantar no primeiro dia será com o professor Miguel Morgado e depois haverá nos jantares uma lógica própria que vos explicarei mais à frente para não roubar mais tempo nesta sessão de abertura.

Vocês estão convidados a participar nos temas, nos trabalhos de grupo, nas assembleias, nos jantares, mas vão ver que muitas intervenções são mediadas, o grupo escolher-vos-á para serem o porta-voz, mas há também oportunidade de participarem a título individual, quer através do mecanismo "Catch the Eye” que depois vos será explicado, quer através de participações individuais.

Todas as participações individuais escritas, com excepção de duas (a "Avaliação do Tema” e o "Aprendi que…”), podem ser feitas através da net. É o que eu recomendo, porque diz-nos a experiência de anos anteriores que alguns de vocês têm uma caligrafia "criativa”, que quando é interpretada por alguém que lê o vosso papel e passa para o computador poder cometer alguns erros. Se forem vocês a remeter directamente no computador, seguramente esses erros já não irão ter lugar.

Isto é uma imagem da rede UV, que tem em cima uma área pessoal onde vocês podem inscrever-se com umlogine umapassword. Já os receberam na vossa pasta inicial, mas podem mudá-la a qualquer momento. A razão de os terem é muito simples: servem para autenticarem as vossas opiniões e termos a certeza de que não há um engraçadinho a tentar passar-se por vocês e a pôr na vossa boca, ou neste caso nos vossos dedos, comentários ou contribuições que vocês não teriam desejado.

Podem aceder através dos vossos computadores usando este endereço, nós temos uma redewirelessque cobre o rés-do-chão e o primeiro andar. Se não trouxeram os vossos computadores, vai haver dez disponíveis à entrada do restaurante, vocês podem utilizá-los livremente para aceder à Intranet ou à Internet durante todo o dia.

Esta é uma universidade interactiva: todos os dias recebem o JUV, que o Paulo Colaço já fez referência no filme que viram. Já receberam a edição zero, que é de boas-vindas, amanhã receberão a edição número um. O JUV sai todos os dias por volta das duas da manhã. É colocado por baixo da porta do vosso quarto. As edições estão personalizadas, vocês sabem qual é a vossa cópia, tem o vosso nome.

Quem faz o JUV é o Paulo Colaço, o Júlio Pisa e o José Baptista, mas quem vai construir o JUV vão ser vocês. Aconselho a que respondam às perguntas que vos vão ser colocadas, participem quando interpelados, também nos concursos não-obrigatórios (já refiro quais são) e para além disso vai haver o youJUV que é a vossa página.

Todos os dias, dois grupos farão uma página do JUV, faremos essa explicação hoje à noite com os vossos coordenadores.

Esta universidade interactiva tem os concursos não-obrigatórios de que vos falei. São sobretudo três: "Perguntas”, "Sugestões” e "Achei Curioso”. Poderão dirigir perguntas escritas aos nossos convidados ao jantar e até ao final da sessão de hoje poderão dirigir perguntas ao Eng.º Moreira da Silva, ao secretário-geral do PSD, ao Presidente da JSD e vão também ter a oportunidade de dirigir perguntas a pessoas que não estão aqui. Uma delas é o Dr. Durão Barroso que está a 2000 km de distância, mas que irá responder às vossas perguntas.

Nestas "Perguntas” os nossos convidados irão seleccionar apenas duas, por isso não fiquem tristes se a vossa não for respondida. Trata-se de pergunta curta, resposta curta, pois se fizerem uma pergunta que exija várias páginas de resposta não é possível nós colocarmos isso no JUV. Dissemos aos nossos convidados que queríamos respostas curtas. Portanto, ao formularem a vossa pergunta tenham isso em atenção, terão mais hipóteses se a vossa pergunta for curta e de resposta curta.

Todos os convidados à distância responderão apenas a duas questões, com excepção do Duarte Marques, presidente da JSD, que está aqui a semana toda e que se disponibilizou para responder a todas as perguntas que lhe fizerem. Por isso, ao longo da semana podem colocar-lhe todas as vossas questões por escrito.

Outra forma de participação são as "Sugestões” que me são dirigidas e às quais respondo a todas. O desafio é este: "se vocês fossem o director da Universidade de Verão, o que é que fariam de diferente?” Se virem algo de que não gostem, ou que achem que pode ser melhorado, não hesitem! Dêem a sugestão, eu respondo a todas e digo se concordo ou não, se posso aplicar de imediato, ou só para a edição do próximo ano.

Finalmente, têm outra forma de participar que é o "Achei Curioso”. O que é o "Achei Curioso”? É aquilo que vos despertou a atenção: pode ser um excerto de uma intervenção, pode ser a postura de um convidado, um aparte que ouviram, pode ser um pormenor da organização, alguma coisa que despertou a vossa curiosidade, assinalem-no. O Paulo Colaço e a equipa do JUV vai seleccionar aqueles que acharam mais curiosos dos "Achei Curioso” para publicarem no JUV, apenas se aceitam submissões para este efeito até às 17h. As contribuições vão aparecer seleccionadas no JUV, na Intranet (vão aparecer todas as participações).

Atenção aos prazos para submissão. As perguntas feitas às personalidades têm de ser entregues por escrito através dos impressos que vocês receberam até às 13h, excepto as duas que já referi (do Eng.º Moreira da Silva e Dr. Matos Rosa) que têm de ser até ao final da sessão de hoje. Mas amanhã e noutros dias é até às 13h pelos impressos, se quiserem usar a net podem fazê-lo até às 17h.

Comecei por vos dizer que vocês são uma selecção nacional e como tal têm o direito e o dever de saberem o que se passa em Portugal e no mundo, por isso, a Margarida Balseiro Lopes, que foi uma das melhores alunas de uma edição anterior, é responsável pela elaboração da revista de imprensa que vos vai chegar em papel por volta da hora do almoço todos os dias, mas que irá correr nos vossos quartos nas televisões em PowerPoint e que vos receberá quando entrarem para a aula da manhã. Quando entrarem nesta sala, todas as manhãs, a primeira coisa que terão a correr nos ecrãs é uma selecção de notícias. Tal como temos a UVTV, o nosso canal de televisão diário, que o Paulo Colaço já referiu; todos os dias há programas e reportagens novos, aconselho-vos a seguirem a programação da UVTV.

Falei até agora de participações não-obrigatórias, falarei agora das duas obrigatórias: a primeira é a "Avaliação do Tema”. A seguir a cada aula vocês vão receber este impresso em que têm que responder a nove perguntas. Têm de avaliar o tema, o orador e a organização. Pedimos que sejam sinceros, trata-se de um inquérito anónimo e a vossa opinião só nos interessa se for sincera, por isso não tenham nenhum pejo, pois não estão a magoar ninguém, estão a avaliar a eficácia da iniciativa.

Peço-vos para não cometerem erros de avaliações por simpatia; dou-vos um exemplo: o Eng.º Carlos Pimenta esteve aqui há uns anos e toda a gente o adorou ouvir falar, espero que este ano ele seja tão brilhante. Quando os vossos colegas o avaliaram, no item do "caderno de documentação” deram-lhe uma pontuação de 3.1 (de 1 a 5). Não haveria mal nenhum, se tivesse sido entregue algum documento, coisa que não houve. Portanto, como os vossos colegas gostaram muito da sua intervenção, foram simpáticos na avaliação. Ora é um absurdo, pois a avaliação devia ter sido 1. É que não estavam a avaliar o orador, mas o caderno de documentação do tema do Ambiente, que nesse caso foi inexistente.

Por isso não façam confusão, quando estão a avaliar esse requisito, limitem-se a ele e não avaliem pelos outros requisitos. A mesma coisa para a primeira pergunta, é umatricky question, que é se o tema é importante; quando não gostam acham que ele não é importante, mas a importância não depende do orador. Aquilo que vos recomendo é que respondam logo a essa pergunta antes do início da sessão, "este tema é ou não é importante para a estrutura da Universidade de Verão?”.

O tema "Falar Claro” sou eu que faço com o Rodrigo Moita de Deus. Podem achar que nós demos a pior aula e que os oradores são maus. Mas provavelmente acharão que faz sentido ter um tema de Comunicação nesta Universidade, portanto a importância do tema não tem nada a ver com o seu interesse, ou a forma como foi transmitido. O leque de avaliação é simples e vai de 1 a 5, sendo que 5 é muito bom, 4 é bom, 3 é suficiente, 2 é medíocre e 1 é mau. Esta grelha de 5 a 1 é a mesma para todos os elementos de avaliação que vos vamos pedir ao longo desta semana.

Estou quase a terminar, a última participação obrigatória é esta: é o que aprendemos. Em todas as aulas são solicitados a escreverem uma, duas, ou três coisas que aprenderam nessa aula. Se não aprenderam nada de novo, dobram o boletim em branco e colocam na urna, o voto é obrigatório. É importante para nós percebermos que suscitou mais a vossa atenção.

A meio da semana vocês já não me podem ver, quando receberem um papelinho para fazerem cruzinhas, vão dizer "estou farto desta burocracia!”. A meio da semana, cada pedacinho de inquérito que vocês receberem vai parecer uma maçada, mas não é um exagero burocrático, é que para nós a vossa opinião é mesmo importante, porque só com ela é que podemos melhorar esta iniciativa.

Se estivessem aqui em 2003, como estiveram os vossos colegas na primeira edição, não tinham pastas com informação, UVTV, youJUV, simulação de assembleia, aula do "Falar Claro”, apresentação de trabalhos de grupo, revista de imprensa, visita a Castelo de Vide, debates oponentes, e teriam tido uma Universidade de Verão com menos dias. Tudo isto mudou graças à avaliação dos vossos colegas. Contamos com a vossa para melhorar as próximas edições desta universidade.

Termino a falar de pedras. Tenho aqui uma pedra, é um calhau de mármore. Uma pedra é uma pedra, o distraído tropeça nela, um homem ou uma mulher, agressivo ou violento, utiliza-a como arma, o construtor usa-a para edificar, um pastor cansado utiliza-a como assento, uma criança brinca com ela. David utilizou uma pedra para matar Golias e Miguelângelo fez dela uma bela escultura, a "Pietà”, uma das mais belas obras do Renascimento, a dor de Maria com o filho Jesus nos seus braços morto, que está na Basílica de S. Pedro no Vaticano.

Curiosamente, uma obra que Miguelângelo fez quando tinha 23 anos, achavam que ele era novo demais e não acreditaram que tinha sido ele a fazer esta obra-prima, por isso ele criou uma faixa que cobre o peito de Maria, onde ele esculpiu o seu nome para assinar a obra. Pois bem, esta pedra é a mesma pedra. Onde se tropeça, que se utiliza como arma, que serve para edificar, como assento, como brincadeira, ou para fazer uma obra de arte. A pedra em todos os casos é a mesma, aquilo que faz a diferença é o homem.

A pedra é aquilo que dela quisermos fazer. Na nossa vida e na nossa vida política estamos mais habituados a lamentar as pedras que encontramos no nosso caminho em vez de pensarmos que com elas podemos fazer a diferença. Se conseguirmos ajudar-vos a olharem para as adversidades de outra maneira, já nos daremos por felizes.

Que sejam felizes nesta Universidade de Verão 2012!

[APLAUSOS]

 
Duarte Marques

Boa tarde a todos. Queria em primeiro lugar dar-vos as boas-vindas à Universidade de Verão, a esta décima edição, no fundo dar as boas-vindas à família da UV (da qual, muitas vezes, devem já ter ouvido falar). Esta família é feita de muita gente: de ex-alunos, actuais alunos, dos nossos amigos que nos recebem aqui em Castelo de Vide todos os anos, dostaffda Universidade de Verão, daqueles que ajudam no dia-a-dia a tornar este dia muito melhor e sobretudo esta semana inesquecível.

É um "muito obrigado” que eu faço a todos, pelo trabalho que fizeram ao longo destes anos para que este sonho fosse possível. A JSD e o PSD reforçam a sua aposta na formação política a cada ano que passa. É um agradecimento que eu faço ao PSD, aos ex-líderes da JSD e a toda esta comunidade que tem investido na nossa causa da formação política, em especial, hoje aqui, ao Eng.º Jorge Moreira da Silva e ao Dr. Matos Rosa, que representam o partido e também ao Instituto Sá Carneiro na pessoa do Dr. Carlos Carreiras, actual presidente da câmara de Cascais.

Esta também é a oportunidade de dar um abraço muito sentido, de alento e confiança, à Dr.ª Berta Cabral, ao lado de quem já tive oportunidade de fazer campanha; saudar o Duarte Freitas que está ali sentado, também meu amigo; e dizer que connosco e com a nossa crença, mas sobretudo com o vosso trabalho e com a sua credibilidade e exemplo irá dar a volta aos Açores e dar-lhe uma liderança do PSD.

No PSD é assim e na JSD há 38 anos, e cada vez fazemos melhor, fazemos formação política a sério. Para nós, a Universidade de Verão não é umhappeningpolítico, não é sequer um número mediático para colocar temas do partido na agenda política, também não é um conjunto de conferências a que resolvemos chamar universidade, ou quem quis dar o nome universidade; para nós, esta iniciativa não se esgota no domingo, na sessão de encerramento, é muito mais do que isso; a Universidade de Verão é mesmo a melhor formação de quadros, de homens e mulheres, que querem aprender a fazer diferente no futuro. Não é uma escola de políticos do costume, nem uma escola de caciques.

Com espírito de sacrifício e de capacidade de trabalho, que privilegia o desempenho, a equipa e a solidariedade, que respeita as gerações passadas, sem colocar em causa as gerações futuras, nós somos os defensores do desenvolvimento sustentável. Não queremos fazer formação por fazer, queremos fazer formação mesmo! Queremos fazer formação política para militantes e independentes, ouvindo os melhores, seja de que partidos forem, de que quadrantes políticos forem, sem reservas ou limitações, ao contrário de outros que apenas se preocupam com o momento, ou com as sondagens, à custa do país e das novas gerações.

[APLAUSOS]

Mas é também por isso que hoje saúdo os outros partidos que resolveram tentar seguir o nosso caminho, é esse o rumo do futuro, é por isso que há muito defendemos que todos os partidos deveriam ser obrigados a investir 5% do financiamento público-partidário em formação política. É por isso que precisamos de políticos diferentes que investimos em vocês.

Reparem só no mau exemplo do Partido Socialista: esquecendo as suas responsabilidades na situação que o país vive, o líder do PS acaba de anunciar que fará tudo diferente do nosso Governo se algum dia chegar a primeiro-ministro. No fundo fará tudo como antes, no tempo de Sócrates, ou seja, a estratégia que nos trouxe até aqui: com Seguro, a RTP fica como está, voltaremos a ter mais PPP, mais SCUT talvez e talvez mais um aeroporto em Beja. Aposto que recuperará todas as fundações inúteis que existem em Portugal; as rendas de energia vão voltar a aumentar e quem sabe regressará a festa no Parque Escolar. Felizes e contentes rumo a uma bancarrota que viria a ser a quarta pela mão do Partido Socialista.

Meus caros amigos e companheiros, isto permite-nos dizer que Seguro e Sócrates são duas faces da mesma má moeda. Mas mais inaceitável é o descaramento com que Seguro dizia esta semana: "tudo o que roubei a este Governo foi aquilo em que o Governo seguiu os conselhos do Partido Socialista: na estratégia europeia, no BCE e na construção da imagem externa de credibilidade do país”. Diz ele, que tudo o resto foi mau.

Caro reitor Carlos Coelho, esteja atento, porque no seguimento destas mentiras de Seguro, ainda o vamos ouvir dizer que foi ele que inventou a Universidade de Verão da JSD e do PSD.

[APLAUSOS]

Mas caros amigos e companheiros, estamos aqui precisamente para fazer diferente. Aproveitem esta semana para darem o vosso melhor. Não queremos que saiam daqui nem mais nem menos adepto do PSD ou da JSD, de certeza que não sairão daqui nem mais nem menos convictos que este é o partido certo. Eu gostava e quero, é que saiam todos daqui mais preparados para enfrentar o futuro, mais qualificados para serem melhores homens e mulheres no vosso dia-a-dia, mas sobretudo com espírito de intervenção qualificada muito mais eficaz e empenhada.

Caros amigos e companheiros, termino com uma mensagem muito relevante: por mais que aprendam aqui, por mais que invistam aqui, por mais que se esforcem aqui, temos que seguir uma máxima que é mais importante, de que nada vale mais no vosso futuro, na vida como na política, do que o vosso exemplo de credibilidade junto das pessoas; vale mais do que campanhas, do que ideias, dinheiro,outdoors. É o exemplo de trabalho credível, que nós temos de seguir para termos futuro na nossa vida política e pessoal.

Eu gostava que elegessem como exemplo de vida política e pessoal, o exemplo do nosso reitor Carlos Coelho. Durante os últimos dez anos, dedicou-se a esta nobre causa, para fazer desta estrutura, deste partido e sobretudo de dez gerações, de mil jovens por esse país inteiro estarem mais aptos para tornar Portugal num país melhor.

Mas espero sobretudo que sejam felizes.

Obrigado.

[APLAUSOS]

 
Jorge Moreira da Silva

Meus caros alunos da décima edição da Universidade de Verão do PSD (co-organizada com a JSD e com o Instituto Sá Carneiro), eu queria começar naturalmente com aquilo que o Duarte Marques vos disse agora em relação ao director desta escola, desta universidade, ao deputado Carlos Coelho.

Admito que muitos não o conheçam mas vão conhecê-lo bem ao longo desta semana. Vão conhecer a exigência que ele coloca em tudo o que faz, mas também a paixão e o sonho que move a sua acção política. É importante que, em nome do partido, possa aqui, quer eu quer o secretário-geral que esteve sempre associado a esta Universidade de Verão e ao seu arranque há dez anos atrás, dizer que o deputado Carlos Coelho é, não apenas como disse o Dr. Carlos Carreiras, o político que mais fez em Portugal pela formação política, pela valorização do conhecimento, pelo investimento que se faz nas novas gerações e nesse investimento a própria refundação que se vai fazendo no partido no dia-a-dia, mas é também um notável deputado europeu.

Eu fui deputado europeu e posso testemunhar que o Carlos Coelho é um dos deputados europeus, de todos os países, com maior credibilidade. Desde logo numa área que é fulcral para o nosso futuro colectivo, enquanto democratas, que é a área dos Direitos, Liberdades e Garantias.

Queria também, aproveitando a presença da nossa companheira Dr.ª Berta Cabral, dizer aquilo que lhe disse nos Açores, no seu congresso há muito pouco tempo atrás: a sua vitória no dia 14 de Outubro é uma vitória que naturalmente encherá de orgulho o PSD, mas muito mais que isso, nós não olhamos para as eleições nos Açores como um desafio eleitoral onde se coloca uma bandeirinha laranja.

Do resultado do dia 14 sairá uma resposta cabal à seguinte pergunta: que autonomia queremos construir? Uma autonomia do endividamento, que é aquela que esteve na origem do acordo celebrado há pouco tempo entre o Governo da República e o Governo Regional dos Açores, ou uma autonomia de resultados liderada por uma política que está muito próxima das pessoas, que é competente e que tem um elevado sentido de responsabilidade?

Tenho a certeza e o PSD também, que os açorianos não falharão a esta oportunidade de dar a vitória à Berta Cabral e aí sim, reabilitar o direito ao futuro dos açorianos.

[APLAUSOS]

Esta Universidade de Verão é sempre uma oportunidade, como disse há pouco, para que o PSD se possa refundar. Aqueles cem que aqui estão são cem jovens que estão politicamente empenhados na actividade cívica. Não é absolutamente necessário que saiam daqui e queiram automaticamente e apenas fazer vida partidária, mas estou certo de que sairão daqui com a certeza de que é imprescindível, como no momento em que vivemos, dar o vosso melhor ao país.

Dar o melhor de vocês ao país é estarem ou na actividade partidária, ou nos movimentos cívicos, ou nas organizações de cariz social, isto é, poderem assumir na primeira pessoa uma resposta completa à pergunta que é fundamental fazer: perante uma determinada informação que detínhamos, perante um contexto nacional e internacional exigente fizemos, ou não, aquilo que devíamos enquanto geração? Essa é uma pergunta que não é colocada apenas aos políticos. É uma pergunta que deve ser colocada e deve ser respondida por todos os cidadãos portugueses e por isso tenho a certeza que sairão daqui desta Universidade de Verão com uma vontade ainda maior de participar na construção de um novo modelo de desenvolvimento.

As universidades têm actividades lectivas – o deputado Carlos Coelho já as apresentou – mas há também actividades extra-curriculares, ou trabalhos de casa.

Gostava de vos deixar aqui um trabalho de casa sobre crescimento. Gostava que se empenhassem nesta semana, para além das aulas que vão ter, em dar a resposta à seguinte pergunta: como é que podemos fazer de um país que tem tudo para vencer um país que vença de facto? Como é que podemos fazer de um país que tem talentos, infra-estruturas, recursos naturais, história, posicionamento geográfico importante, um país que vença de facto?

Essa discussão deve ser travada no contexto desta Universidade de Verão, mas é também discussão para todos em Portugal desenvolverem. Assumo, aqui em nome do partido, um subsídio, um contributo, para esta discussão, sendo certo que cada um de vós durante esta semana também dará o seu contributo muito em torno das várias sessões que o Carlos Coelho organizou para esta semana.

A questão é esta: como é que nós podemos vencer a crise e crescer? Porque este, sim, é o maior desafio que temos no ano político que agora se inicia. Há dois pilares para responder a esta questão. O primeiro pilar é o de cumprir os objectivos de consolidação orçamental que foram celebrados com as organizações internacionais. Isso não deve ser feito como quem passa uma formalidade, ou apenas porque é obrigatório, sendo certo que não credibilizaremos a nossa posição internacional se não formos capazes de cumprir aquilo que celebramos. Mas este compromisso e a capacidade de cumprirmos os objectivos de consolidação orçamental, deve ser encarado como uma oportunidade para respondermos a um problema de desequilíbrio que está connosco há muito tempo.

Há dez anos que Portugal vive 10% acima das suas possibilidades e nesses dez anos dinheiro não serviu para gerar postos de trabalho e riqueza, mas sim para engordar o Estado. Logo, aqueles que dizem – e à nossa esquerda todos dizem isso – que a resposta para o crescimento passa pelo endividamento, cometem três erros: em primeiro lugar, não foi por falta de dinheiro que Portugal não chegou à situação a que chegou; os últimos dez anos não houve dificuldades de crédito em relação ao Estado, nem houve um preço elevado de custo de crédito, mas ainda assim somos um dos países da União Europeia com maior dependência energética do exterior, com maiores desigualdades sociais da Europa, com competências das áreas matemáticas, ciências e leituras, das mais reduzidas, com obstáculos na Justiça, Ordenamento de Território, etc.

Isto é, não foi a falta do dinheiro que resolveu os estrangulamentos estruturais que estão connosco há muito tempo. Por isso, enganam-se aqueles que dizem que é necessário mais dinheiro para podermos crescer.

Em segundo lugar, para onde foi esse dinheiro? Serviu para alargar o Estado que já pesa mais do que 50% do nosso PIB. De onde é que vem o financiamento depois desse volume de despesa do Estado? Tarde ou cedo virá dos nossos impostos. Portanto, aqueles que dizem que é necessário mais financiamento e mais endividamento, erram pela segunda vez, porque sabem que mais tarde ou mais cedo seremos todos nós a pagar esse endividamento através do aumento de impostos.

Finalmente, porque de facto isso não resolve os problemas estruturais do défice e da dívida. Nós sabemos que o défice e dívida são problemas muito sérios, urgentes, mas que existem outros que urge resolver em áreas que são autênticas alavancas do crescimento.

Mas deixem-me voltar à questão da consolidação orçamental e porque é que devemos cumprir esses nossos objectivos. Porque disso depende a nossa credibilidade internacional e a verdade é que em pouco mais de um ano conseguimos reganhar com a liderança de Pedro Passos Coelho essa credibilidade a nível internacional.

Portugal é hoje um exemplo internacional de um programa de ajustamento que está a resultar, mas esse cumprimento é também fundamental para dar mais liberdade aos cidadãos e menos peso ao Estado.

Não tenho medo de assumir esta expressão tal e qual como ela acaba de ser definida.

Nós temos o Estado onde ele deve estar, é importante termos o Estado para consagrar a igualdade de oportunidades, é fundamental o papel do Estado na consagração da ordem de direito, mas também temos o Estado onde ele não deve estar. Quando o Estado impede que o reconhecimento do mérito, a valorização do trabalho, a criatividade, os talentos, possam florescer, porque à viva força quer fazer aquilo que não deve e deve deixar que a Sociedade possa fazer, isso não traduz apenas um problema orçamental, traduz também uma organização errada, um problema conceptual da relação dos cidadãos com o Estado. Como costumo dizer: o Estado deve estar ao serviço das pessoas, não são as pessoas que devem estar ao serviço do Estado. Precisamos do Estado na área económica, que seja mais regulador, mais forte na fiscalização, menos prestador directo de actividade económica e que tenha capacidade para assegurar que aqueles que têm as boas ideias e os bons projectos possa vencer evitando aquela tentação que muitas vezes tem de fazer campeões nacionais à força.

Esta ideia de um Estado mais pequeno, é também a ideia de um Estado mais forte, que no fundo é mais eficaz e mais eficiente. A verdade é que este primeiro pilar da consolidação orçamental, meus caros alunos da Universidade de Verão, tem vindo a dar resultados. Em pouco mais de um ano, conseguimos reduzir a nossa despesa pública a um ritmo nunca conhecido. Fomos capazes de reduzir não apenas com despesas do pessoal, mas também naqueles gastos que o Estado tem consigo e também através da aquisição de bens e de serviços. Fomos capazes de credibilizar a nossa posição internacional e de reduzir os juros da dívida para um valor anterior ao do próprio resgate.

Fomos capazes de aumentar as exportações de uma forma notável; os portugueses conseguiram perante a crise assumi-la também como oportunidade, olhando para novos mercados, com as exportações, tendo crescido cerca de 10% nos primeiros cinco, seis meses em relação ao mesmo período do ano passado, estamos a falar de mais de 1500 milhões de euros a mais de exportações – reparem – num contexto de dificuldade financeira.

Conseguimos caminhar para uma balança comercial cada vez mais equilibrada e mesmo aquele resultado que não segue um ritmo tão positivo quanto esperaríamos que é o de captação de receita, isto é aquilo que vem dos impostos, nos permite dizer que é precisamente na única área que não depende absolutamente do Governo que os resultados não estão a seguir os níveis que esperaríamos. Porque em tudo o resto, naquilo que habitualmente falhávamos, que era na redução da despesa este Governo tem tido um papel notável, reduzindo o peso do Estado e desta forma podemos acalentar a esperança que até ao final desta legislatura temos um peso do Estado que não é de 50% do PIB, mas cerca de 43%.

Mas deixe-me falar-vos agora do segundo pilar desta agenda para o crescimento e emprego. Tanto se enganam aqueles que consideram que a consolidação é contrária ao crescimento – porque parecem não querer perceber que só é possível libertar recursos para a Economia se conseguirmos consolidar as contas públicas –, como se enganam aqueles que eventualmente considerem que é suficiente consolidarmos as contas públicas e que não é absolutamente necessário avançar com uma agenda de crescimento e emprego.

Nós não fazemos parte de nenhum destes grupos. Nós consideramos que a consolidação orçamental é necessária para crescer, mas não é condição suficiente e que a condição suficiente passa por duas questões fundamentais: reformas estruturais e investimento.

Reformas estruturais e investimentos selectivos e reprodutivos. Não é de facto possível deixar de pensar em investimento e financiamento, mas não é aceitável que se possa atirar dinheiro para todos os sectores e todos os problemas, esperando, à velha moda socialista, tanto no continente como nos Açores, que os problemas se resolvam, nós sabemos que não é assim. Quando se atira dinheiro para todo o lado não há dinheiro suficiente para consagrar o estado social e para criar condições para a economia e crescimento sustentáveis.

Portanto, defendemos uma lógica de reformas estruturais e investimentos selectivos e reprodutivos em três áreas: em primeiro lugar, a área do conhecimento e do empreendedorismo. Não os tenho aqui, mas gostava de vos mostrar dois gráficos da OCDE que mostram duas curvas onde se apresenta no primeiro gráfico a correlação entre a escolaridade obrigatória e o crescimento, chegando-se à conclusão que os países que mais crescem são os que têm menos abandono escolar.

Não é, por isso, de estranhar que depois de uma década em que Portugal é o país da União Europeia com maior abandono escolar que tenhamos tido uma década perdida em termos de crescimento.

O segundo gráfico é das competências e são duas barras paralelas também. Os países com mais matemática, leitura e ciência, são os países que mais crescem. Não é de estranhar, por isso, que um país que tem resultados inaceitáveis no PISA (de competências ao nível da competência ao nível da matemática, ciência e leitura), seja um país que teve uma década perdida em termos de crescimento e de emprego.

Portanto, é necessário olharmos para a área da Educação, da Ciência, do Empreendedorismo, com uma forte motivação. Aquilo que se faz na Educação é fundamental para o nosso futuro. Mas não basta atirar dinheiro, exibir um suposto aumento no financiamento público; o que é necessário é que cada euro que se coloca na Educação, por cada euro colocado na Ciência, isso possa gerar competências, patentes, emprego, empresas e postos de trabalho. É isso que nós queremos, que nas áreas da Ciência, Educação, Inovação, sejam áreas de fortíssima reprodutividade do financiamento público, de capacidade de angariação de capital privado.

Mas não basta ter competências, não basta ter conhecimento; é necessário "ousar”, aquilo que dizer o Carlos Carreiras há pouco e muito bem. Temos de ter a capacidade de no nosso tempo ver oportunidades onde outros podem ver obstáculos e é isso que basicamente fará a diferença entre aqueles que querem liderar e aqueles que querem seguir o exemplo. Portugal não pode deixar passar a sua oportunidade de liderar o desafio da inovação.

Há pouco tempo, falei perante algumas críticas, que Portugal precisava de um choque de empreendedorismo e eu gostava de reafirmar isso. Quando falo de um choque de empreendedorismo, não estou a falar de criar empresas apenas. Não estou apenas a falar de criar postos de trabalho, estou a falar da capacidade que temos de ter todos, de ousar, de inovar, de nos atrevermos em todos os domínios da nossa actividade. Não estou a falar apenas na criação de emprego, estou a falar ao nível dos processos, no fundo, de uma mudança de mentalidades. Portugal precisa de olhar para esta crise como algo de que pode fugir se assumir o empreendedorismo enquanto linha de orientação, não apenas na linha económica, mas também na área social, o nosso relacionamento com o mundo e com a sociedade.

O segundo pilar desta agenda para o crescimento, se quiserem, desta agenda de reformas estruturais e de investimentos selectivos, é numa nova política industrial. Durante muito tempo não se falou de política industrial – falo de apostar em determinados sectores – e isso não é incompatível, muito pelo contrário, com a ideia que o nosso Primeiro-Ministro tem defendido, de uma Economia aberta, uma Economia concorrencial.

Nós defendemos uma concorrência entre empresas, entre projectos, que o mérito seja atribuído a quem o tem, que o crédito da Banca seja atribuído aos bons projectos e boas ideias e não àqueles relativamente aos quais a Banca está mais dependente porque existe um nível de endividamento maior.

Nós acreditamos de facto nesta Economia aberta e concorrencial, mas isso não dispensa uma ideia de sectores estratégicos e de áreas onde podemos crescer mais depressa. Esta ideia da política industrial, temos condições para em alguns sectores criarmos verdadeiras regiões do conhecimento e devemos fazer apostas reprodutivas, essencialmente utilizando quatro critérios: quais são as áreas em que Portugal já fez grande investimento de apetrechamento tecnológico; quais são as áreas em que Portugal já fez uma grande aposta em ao nível dos Recursos Humanos; quais são as áreas onde Portugal tem recursos naturais favoráveis e finalmente quais são as áreas em que Portugal tem um crescimento notável por parte das economias emergentes.

Nestas áreas temos condições para vencer se conseguirmos alocar recursos e o nosso sentido reformista. Foi isso que aconteceu há pouco tempo com o QREN, quando o Governo fez uma reprogramação do QREN pegando em 3,5 mil milhões de euros, alocando a onze áreas consideradas estratégicas e no fundo aumentado mais mil milhões de euros para as empresas, o que fez foi dizer com os recursos que temos há que haver sentido de estratégia, isto é, mais que um Estado faz-tudo, temos de ter um Estado estratega, um Estado que assume que há áreas onde pode crescer mais depressa.

Finalmente o terceiro pilar é o da Economia Verde. Sabem que eu sou uma pessoa da área do Ambiente, mas não é por isso que falo da Economia Verde, falo, porque é aí que está uma das áreas em que mais facilmente se consegue resolver dois problemas: qualidade de vida das pessoas, mas também gerar empresas, negócios, criar postos de trabalho e nós temos aqui grandes oportunidades.

Portugal tem boa engenharia, tem infra-estruturas, tem recursos naturais, tem tudo para encarar as alterações climáticas. De facto, o maior desafio da nossa geração, mas um desafio que deve ser visto como oportunidade. As alterações climáticas são um desafio urgente, que requere liderança, mas que é compensador até do ponto de vista económico.

Tenho a certeza que o Eng.º Carlos Pimenta, na aula que dará, vai desenvolver este tema. Energia, alterações climáticas, água, biodiversidade, são áreas em que podemos com metas mais ambiciosas, com fiscalidade verde, com compras públicas ecológicas, com capacitação e formação, fazer de Portugal um exemplo internacional de crescimento sustentável.

Termino, meus caros amigos, interpelando-vos da mesma maneira que fiz no início.

Esta crise é uma oportunidade para superarmos os problemas que estão connosco há muito tempo e que vão muito para além do défice e da dívida. Costumo dizer que se amanhã alguém nos perdoasse de toda a dívida e resolvesse o nosso défice, nem assim resolveríamos o nosso problema estrutural, porque nós temos problemas estruturais na Ciência, na Educação, no Ordenamento do Território, na Justiça, nas áreas sociais.

Olhemos para esta crise como uma oportunidade de dar mais liberdade aos cidadãos e menos peso ao Estado; olhemos para esta crise para fazermos do empreendedorismo e do investimento selectivo e reprodutivo das reformas estruturais, no fundo, um novo modelo de desenvolvimento. Sejamos capazes de responder bem à pergunta que um dia se fará a cada um de nós, que está do lado de cá porque está na vida política activa, mas também a cada um de vós que está desse lado e que espero que possa ter um papel importante na actividade cívica na vossa vida profissional e política, a pergunta é esta: em determinado momento da nossa história, em 2012, fizemos, ou não, tudo o que estava ao nosso alcance para reabilitar o direito ao futuro.

Eu tenho a certeza que convosco conseguiremos! Um grande abraço e bom trabalho!

[APLAUSOS]

 
Dep.Carlos Coelho
Muito bem. Para concluir esta sessão de abertura, peço ao director-adjunto da Universidade de Verão, o senhor deputado Nuno Matias, para conduzir a última cerimónia, onde será parte fundamental o nosso secretário-geral José Matos Rosa.
 
Nuno Matias

Muito boa tarde a todos. Sejam bem-vindos a Castelo de Vide. Como já se aperceberam, esta organização tudo fará para que tenham nesta semana uma experiência memorável e insuperável. Tudo faremos, como já tiveram a ocasião de perceber, para que seja esta uma das melhores semanas da vossa vida e nesse sentido a organização tudo fará para vos apoiar.

O primeiro apoio que irão receber será por parte dos cinco conselheiros que irão acompanhar diariamente todos os grupos e cada um dos alunos. Era isso que gostaria de fazer através da apresentação de cada um dos conselheiros e de cada uma das mascotes que irá acompanhar cada um dos grupos e o desenrolar dos seus trabalhos.

Por isso, passaria à apresentação e pediria ao nosso deputado Matos Rosa, querido amigo e companheiro, para nos dar a honra de entregar as mascotes de cada um dos grupos. Para isso chamo também o conselheiro Jorge Varela, que irá ser responsável e acompanhar os grupos Encarnado e Verde.

[APLAUSOS]

Chamo agora o Paulo Pinheiro, conselheiro dos grupos Castanho e roxo.

[APLAUSOS]

Chamo a Filipa Almeida, conselheira dos grupos Laranja e Rosa.

[APLAUSOS]

A Vera Artilheiro, conselheira dos grupos Amarelo e Azul.

[APLAUSOS]

Por último, chamo o Joaquim Freitas, conselheiro dos grupos Bege e Cinzento.

[APLAUSOS]

Dou-vos nota de que qualquer um dos conselheiros são ex-alunos da Universidade de Verão.

Aproveito também para vos dar a informação de que a partir das 20h teremos o nosso jantar, como passará a ser hábito, pelo que vos convidava a essa hora, ou um pouco antes (pois como já se aperceberam esta é uma regra da casa) a estarem connosco no primeiro andar para então darmos início ao primeiro jantar-conferência.

Sejam bem-vindos, força e bom trabalho!

[APLAUSOS]