No quinto dia da décima edição da Universidade de Verão 2012 tivemos na aula da manhã a aula sobre a área social. Subordinada ao tema “Intervir no social: podemos fazer a diferença”, Conceição Zagalo é membro fundador do GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à cidadania empresarial. A oradora começou por perguntar aos cem participantes o tipo de experiências de voluntariado que já tiveram, e explicou-lhes a mais-valia que isso representa no seu enriquecimento curricular e pessoal. Procurou transmitir durante a aula a mensagem clara de que podemos fazer a diferença no Mundo em que vivemos. Lembrou que há mais de mil milhões de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia. Por fim, destacou o papel activo que as empresas devem ter e a responsabilidade social que lhes é inerente.
Da parte da tarde, tivemos o debate oponente sobre Federalismo, com o Deputado Europeu Paulo Rangel e com Manuela Franco. O primeiro, defensor da ideia do federalismo europeu, e a segunda com uma opinião contrária. Paulo Rangel abriu o debate, procurando desmontar os argumentos dos que contestam a ideia de “mais” Europa, lançando à plateia a pergunta: “mas que soberania tem um Estado como o português?”. Continuou, dizendo que actualmente temos uma constituição aristocrática, uma vez que existe facticamente uma divisão entre países grandes e países pequenos. Por isso defende mais federalismo e uma Europa verdadeiramente federal. Lembrou também que a União Europeia é ademais importante na resolução de conflitos e na manutenção da paz. Para Paulo Rangel, a Europa só terá mais capacidade de afirmação se for vista como um bloco integrado, sendo a ideia de federalismo uma oportunidade para aumentar a sua influência nas decisões da União. Já Manuela Franco adiantou que, nos idos da fundação da União Europeia, a ideia de federalismo era viável, mas não será já no contexto de uma crise dantesca como a que atravessamos, em que a Europa mergulhou, o que torna contraproducente o debate sobre esta matéria na actualidade. Para a oradora, a crise é o teste real de integrar a europa, mas a existência de minorias na Europa põe em causa o modelo europeu, pelo que é completamente inoportuno trazer para o debate a ideia do federalismo, quando é a própria União, como a temos actualmente, que está diariamente a ser posta à prova.
Ao jantar, a décima edição da Universidade de Verão contou com a presença do antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros socialista, Luís Amado. Aos alunos partilhou a sua opinião sobre Europa, o Mundo, e a posição de Portugal em cada um deles. Começou por afirmar que “os partidos estão muito agarrados a ideias do século XIC, quando têm desafios do século XXI para resolver”. Por isto, defende que são necessárias novas ideias para responder aos desafios do novo século. Para Luís Amado, a crise portuguesa é complexa, não só sob o ponto de vista financeiro, mas devido aos problemas actuais da Europa, com uma ordem Mundial permanentemente em mudança. Para além de que para um país periférico, com poucos recursos naturais, numa economia aberta ao exterior, é notório que Portugal não se adaptou no seio de economias com moedas fortes. Isto acentuou desequilíbrios estruturais, como na balança de pagamentos, levando a que perdêssemos a possibilidade de nos financiarmos, como consequência de um excessivo endividamento. Sublinhou a situação difícil de Portugal, com um programa de austeridade recessivo, que impõe limitações grandes à actividade económica. Prevê o antigo Ministro que no final de 2013 ou 2014 recuperemos a capacidade de revertermos este ciclo. Mas, ao contrário dos anteriores pedidos de resgate na história da nossa Democracia, desta vez dependemos muito pouco de nós, sendo fundamental para o sucesso da nossa recuperação a evolução da situação europeia e internacional. Conclui enumerando alguns compromissos que considera fundamentais para o País: grande compromisso nacional em relação ao nosso futuro na Europa; garantir que nós nos possamos financiar o mais rapidamente possível nos mercados; dar atenção ao grave problema que nos trouxe até aqui – a falta de competitividade; criar condições para atrair investimento. Lembrou que “Portugal se forjou na sua relação com o Mundo”.