Senhor Presidente do PSD,
senhor Presidente da JSD, senhor director-adjunto da Universidade de Verão,
senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, senhor Ministro da
Administração Interna, senhor Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros,
da Energia e do Emprego, senhores deputados da Assembleia da República e ao
Parlamento Europeu, senhor Presidente da Assembleia Municipal de Castelo de
Vide e demais autarcas presentes, caros dirigentes do partido e da JSD,
senhoras e senhores convidados, minhas senhoras e meus senhores, sejam
bem-vindos à sessão de encerramento da décima edição da Universidade de Verão
Francisco Sá Carneiro, a UV 2012.
[APLAUSOS]
Há uma semana, na sessão de
abertura, mostrei esta pedra que é um calhau de mármore. O distraído tropeça
nela, uma pessoa violenta utiliza como arma, um construtor usa-a para edificar,
um pastor cansado senta-se nela, David usou uma pedra para matar Golias e
Michelangelo esculpiu nela uma das melhores peças da Renascença, a Pietà. Em
todos os casos, a diferença não está na pedra, mas sim no homem.
A pedra é aquilo que dela
quisermos fazer. Na vida política frequentemente vergamo-nos face às
adversidades. Queixamo-nos das pedras com que tropeçamos no nosso caminho, em
vez de pensarmos como com elas podemos fazer a diferença. Sr. Dr. Passos
Coelho, o senhor tem uma tarefa colossal: devolver viabilidade ao país,
recuperar a confiança internacional e garantir aos jovens portugueses que não
têm o seu futuro hipotecado. Já encontrou e vai encontrar muitas mais pedras no
seu caminho, mas como a diferença não está na pedra, mas sim no homem, não
estamos preocupados. O senhor é o homem de que Portugal precisa.
[APLAUSOS]
Ao longo de uma semana, estes cem
jovens olharam para estas pedras na Economia, na Ciência Política, no mundo
global, na Europa comunitária, no Ambiente, na Comunicação, no
Empreendedorismo, no voluntariado social, na Justiça e no combate à corrupção,
na valoração do mérito e no esforço, nos valores do trabalho e do rigor.
Somos todos testemunhas do empenho
e da qualidade que estes cem jovens colocaram nos trabalhos desta universidade.
Muito obrigado por tudo o que fizeram para garantir o êxito de mais uma edição
da Universidade de Verão. A Universidade de Verão de 2012 bateu o recorde de
formadores. Foram muitos os que partilharam connosco o seu saber e [INAUDÍVEL] José Matos
Rosa, Carlos Carreira, António Ribeiro, Berta Cabral, Adriano Moreira, Marcelo
Rebelo de Sousa, Miguel Morgado, Carlos Pimenta, Rodrigo Moita de Deus, Miguel
Pina Martins, David Valente, Joana Lopes Clemente, Rui Lopes, António Borges,
Pedro Pinto, José de Aguiar, Leonor Beleza, Conceição Zagalo, Paulo Rangel,
Manuela Franco, Luís Amado, Paula Teixeira da Cruz, Pedro Rodrigues e Cândida
Almeida.
À distância, respondendo às nossas
perguntas: Assunção Esteves, Durão Barroso, Emanuel Silva (medalhado olímpico
com medalha de prata) e o Presidente do Conselho Nacional de Juventude, Ivo
Santos; a todos o nosso muito, muito, obrigado!
[APLAUSOS]
Quero agradecer também a todos
que, pelo seu patrocínio e apoio, tornaram possível esta iniciativa. Agradecer
de forma especial à equipa que a pensou, organizou e a dirigiu. Do Nuno Matias
à Beatriz, as equipas do som, do UVTV, do JUV, do apoio informático, dos
conselheiros e avaliadores.
Disse no ano passado e reitero:
vocês são a melhor equipa.
[APLAUSOS]
A última palavra é para o
Duarte Marques. Esta é a última Universidade de Verão enquanto Presidente
da JSD. Quero, Duarte, na tua pessoa agradecer todo o apoio que a Jota nos tem
dado ao longo dos anos e a cooperação estreita e profícua que sempre existiu.
Mas tu és um dos fundadores. Estás comigo desde a primeira UV em 2003. O
sucesso desta iniciativa deve-se muito ao teu esforço e ao teu empenho. Não
penses em fugir da equipa com o pretexto de que já não és da Jota.
[APLAUSOS]
Da equipa de 2003 ainda está
o Matos Rosa (hoje em missão no estrangeiro), o Pisa (a quem devemos o genial
traço que criou o logo e toda a linha gráfica da UV), o Hugo Tavares (que
pensou, concebeu e programou a Intranet), a Vera Penedo (que chefiou o apoio
desde a primeira edição) e o Paulo Colaço (que no JUV, no UVTV e em todas as
áreas imprime em tudo o que faz o seu estilo tão especial que ajudou a forjar a
identidade da UV).
Duarte, ao passar-te este
microfone peço que subas ao palco com o Júlio, a Vera e o Colaço, para que a
cada um possa oferecer uma lembrança singela que assinala os primeiros dez anos
da Universidade de Verão.
[APLAUSOS]
Duarte Marques
Queria dar as boas-vindas a
todos, em especial ao Presidente do PSD, o Dr. Pedro Passos Coelho.
Agradeço-lhe a aposta contínua que o partido faz nesta iniciativa. Agradecer a
todos aos que vieram de longe e aos de cá também. Aos membros do Governo,
deputados, ex-alunos, amigos, companheiros e simpatizantes, que tiveram a
vontade e o esforço de estar aqui hoje, vindos desde o Norte ao Algarve para
estar nesta bela terra, Castelo de Vide, que tão bem nos acolhe todos os anos.
Gostava de vos dizer que é
para mim também uma honra encerrar esta décima Universidade de Verão. São dez
anos, dez edições, mil alunos, mil jovens com novos valores de ética, rigor,
capacidade de trabalho em equipa, sacrifício, criatividade, mas sobretudo com
uma participação cívica activa e muito bem formada para servir Portugal.
Estamos preparados com uma
nova geração de políticos. Gente capaz de trabalhar em prol do futuro da nossa
geração. Esta geração tem uma linha, um rumo e uma imagem, que é a imagem do
nosso reitor a quem agradeço aqui mais uma vez todo o seu trabalho e empenho.
Juntando dez UV, mil jovens,
estamos a juntar milhões de valores distribuídos por esse país fora. Esta é uma
marca que distingue esta juventude, este partido, pois faz formação pela
formação. Aposta em fazer formação política de qualidade para ter políticos de
ainda maior qualidade. Não fazemos formação política para ser um espaço
mediático, para dar nas vistas, ou para aparecer nas televisões.
Nós fazemos formação mesmo!
[APLAUSOS]
Entre a formação e o
mediatismo pela televisão, nós optamos sempre pela formação, porque aqui é
formação, o resto é nos outros dias. [APLAUSOS]
É com muita honra que esta
formação volta a marcar a rentrée oficial do partido no início de um novo ano.
Um novo ano que se quer de esperança para os portugueses. Trabalho, é verdade e
algum sacrifício, mas sobretudo um novo ano que valha a pena para projectar o
Portugal do futuro.
Senhor Primeiro-Ministro,
Presidente do PSD, tem aqui também um início de um novo ano que queremos que
seja de continuidade, de ainda mais empenho, de ainda mais resultados, mas
sobretudo que valha a pena para os portugueses e para o futuro do nosso país.
Temos aqui uma diferença para
os outros que nos seguem: a responsabilidade da ética, do rigor e sobretudo do
desenvolvimento sustentável. Não é fácil tentar fazer o que fazemos, com as
dificuldades, críticas e oposição.
É bem mais fácil dizer mal,
sobretudo depois de se ter causado o problema. É muito curioso que aqui bem
perto, ainda recentemente, tentaram dar o exemplo contrário às novas gerações.
Aqueles mesmos que colocaram o país nesta situação, ainda esta semana apelavam
à desobediência à Troika, à desobediência aos acordos que fizeram lá fora para
nós, para Portugal.
Gostava de os ver também ao
lado do Governo a clamar por desobediência aos contratos ruinosos que eles
assumiram para as novas gerações. Essa era a desobediência que eu gostava de
ver: o Partido Socialista a assumir ao lado de quem governa e de quem dá a
cara.
[APLAUSOS]
Senhor
Presidente do PSD, caros amigos e amigas, durante esta semana tivemos a
oportunidade de ouvir das melhores pessoas que este país tem, de todos os
partidos políticos praticamente, que já votaram nuns e noutros. Tivemos pessoas
do CDS, do PS, do PSD. Outros que já foram, no passado, de outros partidos mais
à esquerda. Nós não temos preconceitos ideológicos. Nós discutimos com todos de
frente, com qualidade e sobretudo com muito empenho.
Mas esta
semana houve um caso especial que me fez pensar. Ouvíamos a Dr.ª Leonor Beleza
a falar da Fundação Champalimaud e do mérito e eu estava a pesquisar e reparei
que a fundação era um investimento de 100 milhões de euros. Pesquisei na
internet e verifiquei que uma simples auto-estrada de 33 km, conhecida por CREP
no Porto, tinha custado 340 milhões de euros.
Passam
poucos mais de 500 carros por dia naquela auto-estrada. Dava para fazer três
fundações como aquela que dá o exemplo lá fora de credibilidade, trabalho, para
o nosso país.
[APLAUSOS]
Pensemos
assim: não é o que nos custam as loucuras, mas o que é que perdemos e se o
dinheiro fosse investido noutro projecto com mais qualidade. Senhor Presidente
do PSD, aproveito esta oportunidade para lhe dizer também: as reformas duras
que está a levar a cabo são importantes para o país, para resolver o problema a
médio-longo prazo, para baixar o endividamento, mas na Educação, cujo rumo está
muito correcto é preciso ter coragem de ir ainda mais longe.
No
Secundário, o caminho é correcto. No Ensino Profissional, o caminho é correcto.
Mas no Ensino Superior temos de ir mais longe ainda, temos de ter a coragem de
reformar a nossa rede. É impensável continuar a ter num eixo de 100 km três
politécnicos com os mesmos cursos de Engenharias e outros.
Quando todos podiam ter cada
um a sua especialidade e serem melhores e competirem com os melhores.
[APLAUSOS]
Temos de
tirar o feudo. Temos de lutar contra os direitos adquiridos. Escolas que não
oferecem cursos, que não alteram os cursos, que têm cadeiras que já não fazem
sentido, apenas porque têm medo de dizer ao senhor professor que o seu curso já
não faz sentido ou que a sua cadeira tem de ser modernizada.
Temos de
ter coragem de entrar com força para adequar o Ensino Superior português à
realidade do mercado do trabalho. Porque a sua desadequação, também é verdade
que não ajuda as empresas a melhorar o seu trabalho e sobretudo o seu
rendimento.
Temos também
de ter a coragem de baixar as vagas de determinados cursos sem saída
profissional. Não podemos continuar a ter 40 mil enfermeiros desempregados,
professores desempregados, os alunos a diminuir e cada vez mais a aumentar o
número de professores nas escolas de formação.
Isto tem
de mudar de uma vez por todas. E conte connosco para fazer esta reforma que é
dura e é muito difícil. Estaremos sempre ao seu lado. Aproveito também para lhe
pedir o seu maior empenho novamente este ano para evitar que cheguemos também
neste fim de ano com estudantes sem bolsas de acção escolar ainda pagas.
Temos um
ano para mudar e sei que muito mudou. Este ano teremos a prova de que esse
trabalho foi bem feito e contava com o seu empenho para que isso acontecesse.
Senhor Presidente, o desemprego jovem também é a realidade que temos. Não é
culpa sua. É com orgulho que dizemos, e está aqui o senhor Secretário do
Emprego, que tem o melhor programa de combate ao desemprego jovem que este país
já conheceu.
Precisamos
de pedir a todos, aos outros partidos, a todos os agentes, às empresas
portuguesas, às universidades, IPSS, aos outros partidos sobretudo, que se
juntem a nós no empenho de implementar este programa e fazer dele um sucesso.
Porque ele não é o sucesso do PSD, nem do Governo, mas é sobretudo o sucesso de
uma nova geração que tem direito a trabalhar e sobretudo tem muito para dar ao
país.
[APLAUSOS]
É por isso
que iremos lançar uma proposta, em breve, ao Governo de criar um modelo de
novos recibos, os chamados mini-jobs.
Para que os estudantes e outras pessoas que estão desempregadas também possam
trabalhar algumas horas por semana sem perder na grande carga burocrática e
fiscal que muitas vezes afasta muita gente e alimenta a Economia paralela.
Mostrar
aos portugueses que eles podem fazer muita coisa logo desde o início da sua
formação, como lá fora, nos Estados Unidos, ou na Suécia. Não podemos continuar
a ter um país em que os jovens concluem o Ensino Superior e apenas 5% já teve
uma experiência profissional ao longo da vida.
Nos
Estados Unidos, na Suécia, 95% dos jovens que concluem o Ensino Superior já
tiveram uma experiência profissional ao longo da vida. Porque trabalhar não é
uma vergonha para ninguém e sobretudo ajuda-os a preparar para o futuro que aí
vem.
[APLAUSOS]
Deixava
duas palavras para o final. A primeira para vocês, jovens militantes, jovens
independentes, jovens que vieram ter esta formação. Sei bem que ao primeiro dia
estavam muito preocupados, ao segundo dia estavam muito cansados, mas hoje
tenho a certeza que estão muito satisfeitos pela qualidade e pela oportunidade
que deram a vocês próprios, mas sobretudo que vão dar ao país que vai poder
contar com mais gente como vocês, preparados para servir Portugal.
Aqui
faz-se diferente. Aqui os políticos não são todos iguais. Aqui preparamos gente
com qualidade para servir o país e as futuras gerações. Nós acreditamos muito
em vocês. Acreditem em nós, porque juntos, com os restantes alunos, com os
líderes do PSD e da JSD, com toda a gente por esse país fora, poderemos ajudar
a mudar Portugal.
[APLAUSOS]
Terminava, dizendo que para
mim foi uma honra muito grande servir a JSD. Este talvez seja o último grande
momento em que eu me revejo, eu sinto-me em minha casa … [INAUDÍVEL] uma geração
que não é rasca, que às vezes vive à rasca, mas que sabe trabalhar e que pode
fazer muito pelo nosso país.
Não se tiver mérito, que isso
já tem, mas se lhe for reconhecido o mérito. Senhor Presidente do PSD, tem mil
jovens preparados mais do que nunca para servir Portugal. Vamos ter eleições
autárquicas. Temos gente com mais qualificação e muita gente por este país fora
preparada para dar o seu melhor pela sua terra, pela terra mais pequena no
canto de Portugal até às grandes cidades.
E esses jovens estão aqui
hoje. Terminava, pedindo ao Afonso que me trouxesse aqui uma coisa, porque quis
deixar mesmo para o final da minha intervenção, até porque acho que esta
homenagem é muito justa e o nosso Presidente do PSD, como muitas vezes costuma
dizer, não faz os seus discursos em função dos directos ou das televisões.
Quis deixar este momento,
quer queiram quer não, acho que toda a gente já deve estar em directo, pois
acho que esta homenagem em directo ao país deve ser feita ao Carlos Coelho. Em
nome de dez gerações de Universidade de Verão.
[APLAUSOS]
Como pode ver não lhe damos
só uma caneta. Não lhe damos só uma caneta.
[APLAUSOS, JSD!]
Muito obrigado a todos. É do
fundo do coração que agradeço a todos, sem excepção, todos estes anos de
dedicação à Universidade de Verão. Carlos Coelho, muito obrigado. Tem aqui a
sua geração feita à sua imagem, com mais cabelo mas feita à sua imagem.
[RISOS, APLAUSOS]
Senhor Presidente do PSD,
desejo-lhe sinceramente: o seu sucesso será o sucesso, não dos jovens da JSD,
mas dos da juventude socialista, comunista. Vamos lutar por um país melhor,
porque somos capazes de fazer melhor. Vamos lutar contra uma geração de
direitos adquiridos. Vamos lutar por libertar a nossa geração. Vamos libertar o
nosso futuro. Vamos construir Portugal.
Confiamos muito em si. Pode
confiar em nós. Muito obrigado.
[APLAUSOS, JSD!]
Dr.Pedro Passos Coelho
Senhor Director da
Universidade de Verão
Senhor Presidente da JSD
Senhor Presidente da Câmara
Municipal de Castelo de Vide
Caros autarcas
Meus senhores e minhas
senhoras
Caros alunos da Universidade
de Verão
Boas tardes a todos.
É uma honra muito grande estar
aqui nesta ocasião em que se celebra a décima edição da Universidade de Verão.
A participação de jovens nesta
universidade de Verão tem sido um bom exemplo do espírito de inconformismo no
seio da Juventude Social Democrata e da vontade de preparar o futuro tendo em
conta que a acção política pressupõe, nesse horizonte, pensamento estruturado e
conhecimento efectivo das realidades. Mas exige também uma grande dose de
ambição para ir além do imediato ou do que parece inevitável.
Todos temos ambições: as
pessoas, as famílias, as associações e grupos de homens e mulheres que se
juntam para agir em conjunto. Queremos melhorar um pouco todos os dias.
Aprender. Corrigir os erros. Aperfeiçoar ainda mais aquilo em que já somos
bons. Há uma enorme satisfação pessoal em desenvolver as nossas capacidades,
mas é também um dever para com aqueles que nos ajudaram e apostaram em nós e um
dever perante nós próprios. Se pensarmos nestes termos, então percebemos que as
sociedades e os países também têm ambições, também têm a obrigação de se
tornarem melhores. Na realidade, numa democracia os políticos têm por missão
assimilar correctamente e representar as ambições do País.
E quais são as ambições da
sociedade portuguesa? A resposta parece-me óbvia: queremos ser melhores e ir
mais longe. Queremos ultrapassar esta crise, deixar para trás de uma vez por todas
uma década de estagnação económica, em que se agravou as desigualdades,
espalhou a pobreza, reduziu as oportunidades para os mais novos. Uma década em
que a nossa economia e a nossa sociedade acumularam distorções, desequilíbrios
e protecções que precisamos urgentemente de desmantelar, e que estamos a
desmantelar, para voltar a crescer. Uma década em que tantos e tantos países
aproveitaram as oportunidades inerentes a um mundo de globalização enquanto nós
ficávamos cada vez mais para trás. Uma década em que a nossa economia ficou
espartilhada ao ponto de cada esforço que fazíamos deixar atrás de si um rasto
de dívida.
A nossa ambição, enquanto
sociedade, é aprender com cada um dos erros cometidos e repetidos para
ultrapassar tudo isto. A nossa ambição é libertarmo-nos das amarras da estagnação,
da redução dos horizontes, do fechamento, da pobreza, do medo pelo futuro, que
a última década semeou entre nós. Nós temos a ambição de um País próspero, mais
livre, mais democrático e mais justo, com instituições e leis ao serviço das
pessoas, onde as oportunidades de realização dos sonhos e projectos de cada um
existem para todos, onde todos têm uma possibilidade razoável de participar no
processo económico, e não apenas os que já têm esse acesso garantido pela sua
posição social ou pela sua proximidade ao poder político. Temos a ambição de um
País dinâmico e tolerante, mais aberto ao mundo em todos os aspectos da nossa
vida colectiva (na cultura e na educação, na economia e na ciência). Temos a
ambição de ser um País que corporize para todos a confiança no futuro.
Hoje atravessamos o período de
transição para realizar essas nossas ambições. É um período muito difícil. Desde
logo porque é também um período de emergência. Muitos (alguns
compreensivelmente alarmados pelas proporções da emergência, outros apenas com
as reservas ideológicas próprias de quem não se reconciliou com a história)
duvidam da nossa capacidade para ultrapassar a emergência e realizar essas
nossas ambições. Satisfazem-se com o que já houve, como se fosse possível ou
desejável regressar à década da estagnação. Essa ambição, que é sobretudo uma
resignação e uma desistência, nós não temos. Temos a certeza de que o País pode
mais e merece muito mais. Mas não há dúvida de que esta transição é muito
difícil. A dimensão dos problemas acumulados, da dívida que amontoámos, dos
desequilíbrios que agravámos, não nos deu grandes alternativas. No entanto,
temos de nos ir recordando do caminho que queremos trilhar e que estamos a
trilhar, sobretudo nos momentos mais difíceis. No meio das dificuldades, por
vezes esquecemo-nos do que já fizemos em apenas um ano. Do muito que já fizemos
para preparar o nosso futuro e dar corpo às nossas ambições. Nesse aspecto,
temos todas as razões para estarmos confiantes.
As reformas estruturais que
finalmente saíram do papel, bem como alguns resultados importantes no combate a
privilégios e a rendas excessivas, bem como ao reforço da credibilidade externa
que vimos angariando falam abundantemente e eloquentemente. Não quero fazer
aqui um relatório dessa atividade, mas não podemos esquecer a reforma do código
laboral que finalmente entrou em vigor, o novo mercado de arrendamento que vai
nascer com uma lei que esteve para ver a luz do dia décadas e que só agora,
finalmente, consegue vigorar. A Vantagem para todos os empreendedores que o
novo modelo para o licenciamento industrial conseguiu trazer, afastando
burocracia e tornando mais próxima a iniciativa daqueles que têm visão
empreendedora. Dispomos hoje de uma lei da arbitragem que tem capacidade de
atrair qualquer investidor, de qualquer parte do mundo sem problema de poder
ver aplicar em Portugal as melhores práticas nesta matéria que pode encontrar
em qualquer parte do mundo. Temos hoje um código de insolvências e recuperação
de empresas que tem todas as condições para acabar com o inferno das empresas
que demoram dez anos a fechar quando não têm viabilidade, mas com o inferno das
empresas que têm viabilidade, que têm negócio e futuro e que são apanhadas no
meio da armadilha da crise e a quem, por vezes, nem o Estado concede a
oportunidade de se recuperarem. Temos hoje os fundamentos de uma nova lei da
concorrência que está a par com as melhores recomendações que se fazem na
europa e no mundo. Assumimos o início de um processo longo de reforma
orçamental que procura trazer mais responsabilidade, nomeadamente com a lei dos
compromissos, mas que procura também trazer maior isenção na análise e
apreciação daquilo que são as nossas projeções e os nossos números financeiros.
Criámos o Conselho das Finanças Públicas, não como um órgão de consulta do
Governo, mas como um órgão de consulta de todos os cidadãos e agente económicos
que sabem que dispõem agora de uma entidade independente para fazer as
apreciações sobre a trajetória das finanças públicas. Implementámos uma nova
lógica no recrutamento e seleção dos cargos superiores da administração,
iniciámos um processo de privatizações que esperamos ainda vir a fechar com
chave de ouro depois de lhe darmos ainda maior ambição, como precisamos.
Iniciámos a revisão das parcerias público-privadas que representam, tal como
nos foram legadas, um encargo que aqui já foi referenciado pelo Presidente da
JSD, que é não apenas insustentável pelo valor absoluto que representa, mas em
particular pelas oportunidades que deixaremos de poder agarrar porque temos de
pagar e suportar esses custos.
[APLAUSOS]
Fizemos o mesmo com as rendas no
setor da energia e temos concluído o processo de recapitalização dos bancos
portugueses, que terá agora, muito brevemente, a sua conclusão de modo a dar
estabilidade financeira ao país.
O programa de mudança que temos
para cumprir é muito exigente. Faz agora um ano que neste mesmo local reconheci
que 2012 seria um ano difícil e que o processo de mudança nesta fase estaria
repleto de desafios. O agravamento da incerteza e do abrandamento económico na
Europa, sobretudo a grave crise que alguns dos nossos principais parceiros
económicos estão a atravessar, redobram as dificuldades e exigem uma atitude de
não relaxamento e de grande concentração nas nossas próprias capacidades. Mas
um programa de mudança deste tipo ou é abordado e executado com determinação e
audácia, ou então falha. Foi isso que fizemos e é isso que continuaremos a
fazer. Somos ambiciosos nos objectivos que traçamos e nas metas que colocamos.
É assim que tem de ser. Hesitações, titubeações, temores e inseguranças em cada
momento de incerteza, são a receita mais certa para o fracasso. E nestas
circunstâncias nós sabemos muito bem o que significa o fracasso. Nem precisamos
de ir além da Europa para ver o que isso significa em termos de sofrimento das
pessoas, de degradação económica, de perda de futuro. Na oposição há muita
gente que ainda não percebeu isto. Nós levaremos este programa de mudança até
ao fim e com ambição precisamente porque queremos concluí-lo tão rapidamente
quanto for possível, porque queremos os resultados da inversão da situação do
País, porque não queremos ficar entregues a mais dez ou vinte anos de
estagnação e de desespero.
[APLAUSOS]
Só executando este programa com
ambição é que poderemos estar à altura das nossas legítimas aspirações. Talvez
noutras circunstâncias menos difíceis houvesse outras abordagens com iguais
probabilidades de sucesso. Mas não certamente nas actuais circunstâncias.
Nestas circunstâncias, um outro rumo não é senão uma confissão de derrota e
sinónimo de fracasso.
Como sabem, o nosso programa de
Governo para estes quatro anos em que nos propomos mudar e colectivamente
transformar Portugal serve vários objectivos em simultâneo. Um deles é o
saneamento das contas públicas (redução do défice e da dívida do Estado e das
empresas públicas); outro é o equilíbrio das contas externas e a redução da
nossa dependência relativamente ao exterior para financiarmos as nossas
actividades; um outro ainda é o crescimento económico e o emprego de qualidade
sustentados, com uma economia mais competitiva, mais dinâmica e mais aberta, mais
justa e mais equitativa, que assenta no pilar das reformas estruturais.
Ora, ser ambicioso na execução
do programa do Governo significa, em concreto, não prescindir de nenhum dos
seus grandes objectivos, nomeadamente em termos dos nossos compromissos
externos. Significa nunca colocar as decisões em termos de sacrifício de um dos
objectivos em favor de outro. Estamos sempre a cumprir todos os objectivos do
programa. Qualquer ajustamento ou afinação no caminho que estamos a trilhar só
é aceitável se for enquadrado por esta ambição que implica a conciliação de
todos os grandes objectivos a que nos propusemos. Em cada instante temos de
garantir que esta conciliação está presente nas nossas decisões e apreciações.
Uma vez mais, outra abordagem que não esta de manutenção e conciliação dos
objectivos, aponta para o fracasso e para o desespero. É esta ambição realista
que conduz desde o início a ação reformista deste Governo. E o realismo aqui
quer dizer também escolher com acerto o tempo das decisões, dos actos, das
inovações, das avaliações. Qualquer estratégia digna desse nome tem de incluir
o tempo certo. Nenhuma estratégia merece esse nome se o seu tempo for resultado
de precipitações, de assomos de pânico, de desprezo pelas consequências futuras
dos actos presentes. Para governar bem é preciso agir no momemento certo; não
antes, nem depois. Sobretudo, em tempos de tanta incerteza e de instabilidade
financeira internacional, o valor da acção no tempo certo adquire um valor
extraordinário. Este último ano mostrou-o a todos com olhos para ver.
Aquando do debate do debate do
Orçamento do Estado há pouco menos de um ano, havia duas opiniões e duas
estratégias. A do governo assentava na consciência de que este exercício
orçamental era tão importante quanto difícil, nomeadamente porque as condições
de partida eram mais deficientes do que previsto e porque a magnitude de
redução do défice estrutural não tinha paralelo nas contas públicas portuguesas
das últimas décadas. Comprometidos com um objectivo ambicioso de consolidação e
uma evolução económica na Europa em que os riscos eram todos negativos, a
prudência era assim um imperativo nacional. Mas não foi uma nota de prudência
que ouvimos da oposição. Pelo contrário, o que foi dito foi que o nosso
orçamento era demasiado exigente e escondia demasiadas almofadas, que nenhuma
das nossas decisões mais difíceis era realmente necessária, que os nossos
compromissos podiam ser atingidos sem fazer tanto, que os riscos... enfim, logo
se veria o que fazer com os riscos. Por que não adiar tudo para o futuro ou
pedir a outros que resolvessem os nossos problemas? É muito claro o que
significava esta opção: uma infantil recusa da realidade, mas esperemos que
também uma oportunidade de aprendizagem e de crescimento para aqueles que então
tanto criticaram a nossa estratégia. Estou certo que deste processo de
aprendizagem resultará certamente uma oposição mais amadurecida e responsável,
aquela com que discutiremos o orçamento para 2013.
[APLAUSOS]
Há um ano, os perigos eram
imensos. Muitas vezes preferi não insistir demasiado nesses perigos porque
estava confiante que os saberíamos ultrapassar. Aconteceu, como sabem, que à
medida que fomos adquirindo mais confiança e estabilidade, à medida que a
emergência da bancarrota se dissipava, à medida que se restabelecia a confiança
e a estabilidade no financiamento do Estado e na solidez do nosso sistema
financeiro, os problemas na zona euro se foram agravando. Temos de recuar aos
dias difíceis no final do ano passado e no início deste ano e perguntar como
teríamos lidado com essas dificuldades se não tivéssemos já por essa altura
demonstrado a capacidade de controlar os nossos problemas e de inicar o
processo de os resolver definitivamente. Na verdade saímos desses dias mais
fortes. A nossa economia mantém debilidades, como todos sabemos, e os
desequilíbrios que acumulámos ao longo de mais de uma década (e a que já fiz
alusão) têm efeitos pesados no emprego. A nossa economia tem de ser reconstruída
em bases novas, estamos lentamente a sair de uma doença longa e séria. Tudo
isto é feito com custos imediatos terríveis. Mas no que diz respeito à nossa
prioridade primeira, garantir a estabilidade, afastar os receios mais
perigosos, garantir o controlo dos riscos mais catastróficos, fizemos
progressos. Contra a corrente, pequenos progressos diários, duros, respondendo
a novos problemas, reequilibrando variáveis e objectivos, fazendo escolhas
difíceis, mantendo a calma e a confiança.
Infelizmente, em várias
ocasiões, certos responsáveis políticos pretendem ver em alguns resultados
menos bons ou mesmo negativos, como a evolução das receitas fiscais ou do
consumo interno, a prova de que, no essencial, estamos a ficar pior, a falhar e
a incumprir no processo de ajustamento, e de que, portanto, os sacrifícios não
valem a pena e de que nos estamos a afundar num ciclo vicioso de recessão
económica. Acrescentam que o esforço tem sido contraproducente e que a
confiança no futuro está em perigo se mantivermos a determinação em prosseguir
o caminho traçado.
Mas manda a verdade que se diga
que não podem estar mais errados nas suas visões da realidade. Desde logo
porque não há evidência de que estejamos a viver qualquer ciclo vicioso de
recessão. Sempre soubemos, desde que se iniciou o processo de ajustamento, que
2011 e 2012 seriam anos de contracção económica. Apesar disso, a economia
contraiu menos no ano passado do que o previsto. E este ano, até à presente
data, os números que são conhecidos do primeiro semestre são perfeitamente
consistentes com a previsão feita no OE de que teremos uma contracção de cerca
de 3% do PIB.
Por outro lado, é verdade que as
receitas fiscais, em particular as relacionadas com o IVA, têm tido um
comportamento adverso que suscita dificuldades maiores para a meta orçamental.
Mas, em contrapartida, não se pode negar que o esforço que melhor mede o grau
de compromisso do governo com a redução do défice, que é sem dúvida
representado pela diminuição da despesa pública, mostra à evidência que nunca a
consolidação orçamental contou com um contributo tão expressivo do lado da
despesa, já que o défice tem-se reduzido apesar do comportamento adverso da
receita fiscal. Volto a sublinhar, porque é digno de registo, que o défice está
a cair, e cai sobretudo por causa da despesa e não por causa da receita, o que
não deixa margem para duvidar de que o governo está a cumprir o seu compromisso
de cortar a despesa do Estado e a consolidar as finanças públicas.
[APLAUSOS]
Quanto ao problema do consumo e
da procura interna, que tem registado uma quebra mais acentuada do que o
esperado, ele está muito relacionado com a velocidade do processo de
transformação da economia portuguesa e com a incerteza que afecta as decisõs
dos agentes económicos no nosso País. E se o pior comportamento do IVA está
muito relacionado com esta realidade, em contrapartida esta tem ajudado ao
aumento da poupança no nosso País e à correcção do nosso défice externo, não
apenas porque concorreu para reduzir as importações como porque reforçou a
importância de todo o sector mais voltado para a competição externa e as
exportações, o que é, sem dúvida, um objectivo muito importante de todo o nosso
processo de ajustamento. Estamos, como é conhecido, muito perto de registar um
feito histórico de reduzir défices externos, que têm representado cerca de 10%
do que produzimos na média dos últimos dez anos, para um excedente que sinaliza
a nossa capacidade para viver no presente de acordo com as nossas
possibilidades e para crescer no futuro sem ser à custa de uma dívida
insuportável.
Não ignoramos, como é evidente,
resultados negativos que não desejaríamos, como a dor social e o desperdício de
recursos associados ao elevado nível de desemprego. Não nos conformamos, no
entanto, com esta situação que nos impele a apostar em melhores políticas
activas de emprego e, sobretudo, em ir mais longe na definição de medidas que
permitam às empresas resolverem melhor as dificuldades de financiamento e de
serem mais competitivas e gerarem maior nível de emprego, pensando em
particular nos mais jovens, que sofrem hoje na pele uma quota maior de
sacrifício no processo de ajustamento económico. Porque, na verdade, são as
empresas, e não os governos, quem realmente pode criar empregos sustentáveis no
futuro.
[APLAUSOS]
É importante ainda acrescentar
que, apesar das medidas difíceis que tivemos de assumir, sempre tivemos o
cuidado de prevenir o seu impacto junto daqueles que apresentam maior
vulnerabilidade, por terem rendimentos mais baixos ou por se encontrarem em situação
mais adversa. Exemplos claros desta preocupação estão bem patentes na
actualização, pela primeira vez em anos, do valor da pensão mínima, social e
rural; na majoração do subsídio de desemprego para casais desempregados e
famílias monoparentais com filhos menores a cargo; na criação do mercado social
de arrendamento; na criação de um novo passe social que garantiu preços menores
para os mais desfavorecidos e na criação da tarifa social da electricidade que
não pode deixar de amortecer os efeitos que a subida do IVA da eletricidade
provocou; também nas correcções introduzidas na atribuição de prestações
sociais, de modo a garantir que são efectivamente os que mais precisam os
principais destinatários destas prestações, bem como na consagração da
actividade socialmente útil, que introduz um princípio ético de retribuição à
sociedade por parte dos que recebem ajuda social; a política de medicamento
implicou por sua vez uma redução sensível dos preços dos medicamentos, que
beneficia sobretudo os mais desprotegidos, em particular os de idade mais
avançada.
Tal como tem sido reconhecido
amplamente pelos nossos parceiros externos, estamos hoje, portanto, mais
próximos de vencer as dificuldades do que há um ano atrás e, naquilo que é
essencial e importante, temos cumprido e dado sentido aos sacrifícios e
esforços dos portugueses, que estão a valer a pena e a revelar um país que se
sabe governar e que sabe para onde quer ir. Um país que cada vez menos é citado
pelas más razões e cada vez mais é referenciado pelos bons exemplos.
Hoje estamos melhor porque os
perigos internos são hoje menores. Economicamente, não estamos ainda mais
fortes, mas os riscos e perigos, que persistem, são menores quando comparados
aos que defrontamos no início da legislatura. O diagnóstico é bem menos
negativo. Sabem, por exemplo, que os investidores que, no início do ano,
decidiram apostar no crédito e confiança do Estado português, esses
investidores ganharam bom dinheiro, mais do que em qualquer outro investimento
em dívida pública na Europa. Com a descida acentuada dos juros e do risco de
incumprimento, os títulos da nossa dívida valorizaram-se. Quem duvidou, deve
estar arrependido. E por isso, para o futuro, o ponto de partida é outro. Daqui
para a frente os pessimistas têm de pensar duas vezes.
[APLAUSOS]
O que significa esta mudança no
que toca ao que falta fazer no nosso processo de ajustamento? Primeiro, que o
que já conseguimos fazer significa que a nossa autonomia será maior no futuro.
Teremos maior capacidade de controlar e decidir o nosso futuro. É algo que
fomos reconquistando neste ano e de que todos nos devemos orgulhar. Mas, por
outro lado, esta maior autonomia significa uma maior responsabilidade. Daqui
para a frente o nosso sucesso dependerá cada vez mais de nós. Temos de saber
garantir que esta maior autonomia será bem usada, que uma maior
responsabilidade nos torne mais conscientes das pesadas consequências se nos
desviarmos nos nossos objectivos, agora que os começamos a realizar.
Como já referi, a ambição é
chave em todo este processo. Dou-vos um outro exemplo. Um dos aspectos de que
depende a nossa prosperidade futura diz respeito à necessidade de sermos
melhores naquilo que produzimos para o mercado interno e sobretudo para o
estrangeiro. Os economistas chamam a
isto competitividade, mas também lhe podemos chamar progresso, desenvolvimento
ou, mais simplesmente ambição.
Não é um objectivo fácil. Não é
fácil para uma pessoa. Implica trabalho, sacrifício, noites mal dormidas, menos
tempo para estar com os amigos e também uma boa dose de ansiedade, e às vezes
de dúvida. Talvez seja por vezes tentador pensar que já atingimos o nosso
limite. O que nos impede de descansar é a ideia de que só devemos parar quando
tivermos a certeza de que atingimos realmente o limite das nossas qualidades. E
isso nunca sabemos antes de tentar melhorar e aprender ainda mais.
Para os países no seu conjunto o
caminho da ambição e do crescimento também é um caminho difícil. Implica
sacrifícios. Temos de alterar o que está mal e isso nunca é fácil. Temos de nos
esforçar no presente, por vezes temos de sacrificar muito no presente, para
garantir que o futuro será melhor. Julgo que para os países como para as
pessoas a questão decisiva é: como garantir que o futuro será melhor do que o
presente? Nenhum de nós vive inteiramente no presente. Como país também o não
devemos fazer. Como primeiro ministro sei que me pedem que tome decisões
difíceis. E sei que me exigem uma coisa: que estas decisões nos coloquem no
melhor caminho para satisfazer a nossa ambição colectiva como sociedade e como
país. É o que tenho feito, sem virar a cara.